quarta-feira, 28 de junho de 2023

REPRODUÇÃO ASSISTIDA PARA TODOS

Por Juvenal Linhares (*)

A primeira bebê de proveta (FIV) do Brasil e da América Latina completa 39 anos em 2023. A paraense Anna Paula Caldeira nasceu em São José dos Pinhais, no ano de 1984, seis anos depois do primeiro bebê de proveta do mundo, a inglesa Louise Brown. Esses nascimentos foram um marco para a medicina.

Desde o primeiro nascimento por FIV no mundo, estima-se que mais de 10 milhões de bebês nasceram graças à técnica. Outras contribuições da reprodução assistida (RA) são novos modelos familiares, como a família monoparental, a família de casais homoafetivos e a preservação da fertilidade em famílias que adiam a gestação por causa da carreira profissional ou por doenças como o câncer.

As técnicas de RA são divididas em baixa e alta complexidades: as de baixa são coito programado, inseminação artificial e a inseminação intrauterina e as de alta complexidade, a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) e a fertilização in vitro - FIV ("bebê de proveta").

Em outubro de 1999, nasceu o primeiro bebê por FIV do Ceará. Após mais de 20 anos desse feito, as técnicas de alta complexidade no nosso Estado, assim como no Brasil, foram privilégios dos grandes centros e capitais do País, sem falar na ineficiência do SUS, em ajudar, de forma significativa, esse público.

O alto custo de deslocamento para os grandes centros fez com que casais inférteis e pessoas solteiras que sonham em ter filhos (as), não tivessem condições de acesso. Isso causou diversas repercussões psíquicas sobre a elaboração do luto decorrente da condição de infertilidade, vividas em segredo.

O sonho, até então utópico, de trazer a RA de alta complexidade (FIV) para o interior do Ceará (na cidade de Sobral), tornou-se realidade em julho de 2022. Em menos de seis meses, a Fertiliza já foi capaz de ajudar a gerar a primeira gravidez por FIV fora da capital, com previsão de nascimento do primeiro bebê para setembro deste ano.

Ainda hoje, estados como Acre, Amapá, Alagoas, Rondônia e Roraima não possuem centros de RA, mostrando a vanguarda desse passo dado no interior do Estado, trazendo esperança e acesso a um dos pilares mais importantes da saúde reprodutiva.

(*) Ginecologista e sócio da Clínica Fertiliza

Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/05/2023. Opinião. p. 22.

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