quarta-feira, 7 de junho de 2023

RODOLFO TEÓFILO, 160 anos

Por Edna Maria Martiniano (*)

Seis de maio é aniversário de nascimento de Rodolfo Teófilo. 160 anos. Rodolfo nasceu na Bahia, mas adotou o Ceará como terra natal, nela vivendo intensamente seus problemas e suas dores, enfrentando o descaso e a perseguição dos governantes da época, diante dos problemas sociais, e combatendo as mazelas de um estado à mercê das oligarquias no poder. Fome, varíola, escravidão, eram os principais problemas da época, que contaram com a engajada atuação de Rodolfo, enquanto governantes permaneciam alheios ao sofrimento do povo.

Farmacêutico e escritor, Rodolfo combateu a fome de alimento e de conhecimento. Membro da Padaria Espiritual, movimento literário da época que se propunha a "fornecer o pão do espírito aos sócios em particular, e aos povos em geral", Rodolfo foi um dos mais notáveis nomes da literatura cearense, escreveu 28 livros e foi responsável por introduzir o Realismo/Naturalismo no Ceará com o romance "A Fome" (1890), onde retratou os tristes episódios da nossa história, os dramas ocorridos durante a grande seca que assolou o Ceará (1877-1879).

Muitos foram os feitos de Rodolfo Teófilo. Foi professor, fabricou a vacina da varíola, inventou a cajuína e participou ativamente da campanha abolicionista no Ceará. Daí a necessidade de se reverenciar tão importante memória. Mas não é o que acontece em Maracanaú, onde Rodolfo viveu parte de sua vida, na Pajuçara, onde ainda existe uma casa que há quase 30 anos, movimentos sociais e literários reivindicam a transformação em um Centro de Cultura e Memória, que seja o guardião do espólio literário do escritor, com atividades educativas e artísticas para a comunidade.

Todos os anos, são destinados recursos no orçamento de Maracanaú para a Casa, mas permanece só no papel, pois na prática, presenciamos o imóvel sem manutenção, sem funcionamento. Presenciamos, inclusive, o desabamento de parte do teto da Casa, noticiado recentemente pela imprensa.

Em Maracanaú, vemos o futuro repetir o passado, onde governantes, alheios ao legado de Rodolfo Teófilo, seguem insensíveis, e o povo assiste ao descaso de sucessivas administrações com a memória do escritor, como na poesia de Rouxinol do Rinaré: "Hoje ainda é desprezado/Pelos políticos de então/O que restou de herança/Do mais ilustre varão/Mas, a Sopoema cobra/Que se restaure o que sobra/Da injusta destruição!"

(*) Socióloga, escritora, membro da SOPOEMA e AML.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/5/23. Opinião, p.19.

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