Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
A Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto, investigou
não apenas as informações conjunturais sobre as tendências e flutuações da
força de trabalho brasileira, mas também diversos indicadores suplementares e
módulos temáticos. Os domicílios selecionados foram visitados durante cinco
trimestres consecutivos, uma vez a cada trimestre.
O IBGE incluiu,
na pesquisa, um módulo temático sobre Tecnologia da Informação e Comunicação
(TIC), que abrangeu o acesso à Internet, televisão, telefone, microcomputadores
e tablets em domicílios permanentes, além da posse de telefone móvel celular
para uso pessoal entre as pessoas com dez anos ou mais de idade.
A Pnad Contínua é
um dos mais importantes levantamentos de informações conjunturais realizados no
país e a principal fonte de estatísticas públicas sobre o mercado de trabalho.
Seu planejamento amostral utiliza um esquema de rotação, denominado longitudinal,
que inclui uma sobreposição parcial da amostra ao longo dos trimestres.
Os estudos
longitudinais são extremamente relevantes, pois visam observar as
características de indivíduos ou empresas ao longo do tempo. Sua realização
depende da disponibilidade de informações sobre as mesmas unidades em repetidas
ocasiões. Por exemplo, um domicílio é entrevistado em um mês, retirado da
pesquisa por dois meses consecutivos e reinserido no trimestre seguinte. Essa
sequência é repetida cinco vezes, e, depois disso, o domicílio é retirado
definitivamente da amostra.
Os microdados
trimestrais da pesquisa permitem a realização desses estudos longitudinais em
dois trimestres consecutivos, com 80% da amostra, e em trimestres idênticos de
anos consecutivos, com 20% da amostra. Além de disponibilizar essas
informações, o IBGE também divulga microdados anuais referentes à primeira e à
última participação do domicílio na pesquisa.
Esses dados, que
totalizam cerca de 450 mil registros por trimestre, são uma valiosa base para
análises longitudinais sobre as condições socioeconômicas no país. A Pnad
Contínua, no módulo temático sobre educação, revelou que 9 milhões de jovens
entre 14 e 29 anos não completaram o ensino médio, destacando a necessidade de
investimento na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para reduzir o
abandono escolar.
No Ceará, há 2,9
milhões de domicílios com acesso à internet, representando um crescimento de
96% em seis anos. Alinhado com a Pnad Contínua, o Governo do Estado está
solidificando uma "trinca de hubs" conectados com o mundo por terra,
ar e cabos submarinos. Essa iniciativa busca fomentar um sistema de inovação,
investimento em pesquisa e desenvolvimento, além de formação profissional, tudo
integrado à diretriz do Ceará 2050.
Com isso, o
Estado demonstra uma forte capacidade na área de Tecnologia da Informação, com
índices acima da média do Nordeste. De acordo com a Rais/Caged (2011 a 2021), o
Ceará cresceu 24%, enquanto o Nordeste, 17%. Além disso, o Programa de Bolsas
Científicas, liderado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação
Superior do Ceará e pela Funcap, já concedeu 5.076 bolsas, das quais 3.614
foram destinadas a projetos de inovação tecnológica.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte:
O Povo,
de 20/09/24. Opinião. p.23.
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