terça-feira, 29 de outubro de 2024

O CEARÁ EM POTENCIAL E A PNAD CONTÍNUA

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto, investigou não apenas as informações conjunturais sobre as tendências e flutuações da força de trabalho brasileira, mas também diversos indicadores suplementares e módulos temáticos. Os domicílios selecionados foram visitados durante cinco trimestres consecutivos, uma vez a cada trimestre.

O IBGE incluiu, na pesquisa, um módulo temático sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que abrangeu o acesso à Internet, televisão, telefone, microcomputadores e tablets em domicílios permanentes, além da posse de telefone móvel celular para uso pessoal entre as pessoas com dez anos ou mais de idade.

A Pnad Contínua é um dos mais importantes levantamentos de informações conjunturais realizados no país e a principal fonte de estatísticas públicas sobre o mercado de trabalho. Seu planejamento amostral utiliza um esquema de rotação, denominado longitudinal, que inclui uma sobreposição parcial da amostra ao longo dos trimestres.

Os estudos longitudinais são extremamente relevantes, pois visam observar as características de indivíduos ou empresas ao longo do tempo. Sua realização depende da disponibilidade de informações sobre as mesmas unidades em repetidas ocasiões. Por exemplo, um domicílio é entrevistado em um mês, retirado da pesquisa por dois meses consecutivos e reinserido no trimestre seguinte. Essa sequência é repetida cinco vezes, e, depois disso, o domicílio é retirado definitivamente da amostra.

Os microdados trimestrais da pesquisa permitem a realização desses estudos longitudinais em dois trimestres consecutivos, com 80% da amostra, e em trimestres idênticos de anos consecutivos, com 20% da amostra. Além de disponibilizar essas informações, o IBGE também divulga microdados anuais referentes à primeira e à última participação do domicílio na pesquisa.

Esses dados, que totalizam cerca de 450 mil registros por trimestre, são uma valiosa base para análises longitudinais sobre as condições socioeconômicas no país. A Pnad Contínua, no módulo temático sobre educação, revelou que 9 milhões de jovens entre 14 e 29 anos não completaram o ensino médio, destacando a necessidade de investimento na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para reduzir o abandono escolar.

No Ceará, há 2,9 milhões de domicílios com acesso à internet, representando um crescimento de 96% em seis anos. Alinhado com a Pnad Contínua, o Governo do Estado está solidificando uma "trinca de hubs" conectados com o mundo por terra, ar e cabos submarinos. Essa iniciativa busca fomentar um sistema de inovação, investimento em pesquisa e desenvolvimento, além de formação profissional, tudo integrado à diretriz do Ceará 2050.

Com isso, o Estado demonstra uma forte capacidade na área de Tecnologia da Informação, com índices acima da média do Nordeste. De acordo com a Rais/Caged (2011 a 2021), o Ceará cresceu 24%, enquanto o Nordeste, 17%. Além disso, o Programa de Bolsas Científicas, liderado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará e pela Funcap, já concedeu 5.076 bolsas, das quais 3.614 foram destinadas a projetos de inovação tecnológica.

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 20/09/24. Opinião. p.23.


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