Valor do contrato é de US$ 826
milhões e acerto para campanha de Dilma Rousseff, de US$ 8 milhões
Construtora nega
irregularidades
SÃO PAULO - Um contrato entre a Petrobras e a construtora Odebrecht,
firmado em outubro de 2010, período eleitoral, teria sido aprovado após acerto
de uma doação equivalente a US$ 8 milhões (R$ 17,7 milhões) para a campanha de
Dilma Rousseff, segundo reportagem da revista "Época," publicada neste sábado. O contrato,
no valor de US$ 826 milhões (R$ 1,8 bilhão), previa serviços de segurança, meio
ambiente e saúde em unidades da Petrobras no Brasil e no exterior. O contrato é
investigado pela PF e pelo MPF. E a Petrobras está na iminência de uma CPI.
Segundo a publicação, o lobista João Augusto Henriques afirmou que
montara a operação e que a ideia de que a Odebrecht fosse a construtora do
projeto era dele. A doação foi acertada com o tesoureiro informal do PT, João
Vaccari. Segundo João Augusto, as negociações tiveram início em 2009, época em
que funcionava no Senado a CPI da Petrobras. De acordo com a revista “Época”,
pelo acordo, o PMDB ajudaria a enterrar a CPI, relatada pelo senador Romero
Jucá. Em troca, a direção da Petrobras, então comandada por José Sérgio
Gabrielli, assinaria embaixo do projeto Odebrecht. E o contrato foi fechado.
Pouco mais de um ano, em janeiro de 2012, antes da posse de Graça Foster,
auditores encontraram irregularidades graves no contrato. No relatório, os
auditores diziam que o contrato deveria ser rescindido. Os auditores entenderam
que a contratação fora equivocada, por causa do perfil das empresas convidadas
e pelo prazo reduzido para apresentação de propostas. De acordo com auditores,
o processo de contratação sequer tinha edital de convocação em língua
estrangeira.
A auditoria preliminar apontava que a Petrobras determinara que os
serviços relativos às refinarias de Pasadena, nos Estados Unidos, Bahía Blanca,
na Argentina, e Okinawa, no Japão, deveriam ser submetidos a autorização
específica antes de ser feitos. No caso de Pasadena, isso significou um aditivo
de US$ 20,3 milhões ao contrato. Para os auditores, a regra não foi respeita e
concluíram que a Odebrecht atribuiu preços elevados a serviços que serão feitos
em maior quantidade durante a execução do contrato. A prática é conhecida como
“jogo de planilha”, onde a empresa contratada lucra mais e a contratante
costuma ficar no prejuízo.
Por causa do relatório, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e sua
equipe pretendiam anular o contrato. Ao saber disso, João Augusto e o PMDB
reagiram. De acordo com a “Época”, o presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, procurou Graça Foster para impedir a anulação do contrato e chegou a
mencionar as “contribuições políticas” decorrentes do contrato.
Depois disso, outra versão de auditora foi apresentada, a qual não
recomendava a anulação do contrato. Em janeiro de 2013, a Petrobras anunciou a
redução do contrato: de US$ 826 milhões, para US$ 480 milhões.
Em nota enviada à revista “Época”, a Odebrecht afirma: “A Odebrecht nega
veementemente a existência de qualquer irregularidade nos contratos firmados
com a Petrobras, conquistados legitimamente por meio de concorrências
públicas”.
A construtora disse ainda que “desconhece questionamentos feitos em
auditoria interna da Petrobras e as conclusões dessa mesma auditoria. A empresa
está à disposição de qualquer órgão de fiscalização para fornecer informações
sobre o mencionado contrato, cujas obras previstas já foram concluídas e
entregues.”
Fonte: Revista Época. Circulando por e-mail.
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