Por Pe. Brendan Coleman Mc Donald
O período da Quaresma é reservado para reflexão e
conversão espiritual. Em termos práticos, a Quaresma é o tempo de perdão e de
reconciliação fraterna.
A Igreja Católica
iniciou na Quarta-feira de Cinzas, o Tempo da Quaresma que termina na
Quinta-feira Santa na celebração da última ceia de Jesus Cristo com seus
apóstolos. A palavra Quaresma vem do latim quadragésima, é o período de
quarenta dias que antecede a maior festa do cristianismo: a Ressurreição de Jesus
Cristo, comemorada no Domingo da Páscoa.
Durante a Quaresma a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove a Campanha da Fraternidade
desde 1964, como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social. Este
ano a CF tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e como lema “Eu vim
para servir”. A Campanha vai ajudar-nos “aprofundar, à luz do Evangelho, o
diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio
Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do
reino de Deus”.
A Campanha da
Fraternidade deste ano será uma oportunidade de retomarmos os ensinamentos do
Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante,
participativa, consoladora, misericordiosa e samaritana. Todas as pessoas que
formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham
para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço
de todos (cf. texto-base, p.7). Na sociedade, a Igreja e as comunidades desejam
seguir a Jesus: “vim para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,
45).
O período da
Quaresma é reservado para reflexão e conversão espiritual. Em termos práticos,
a Quaresma é o tempo de perdão e de reconciliação fraterna. É tempo de retirar
de nossos corações todo ódio, rancor, inveja e tudo o que se opõe ao nosso amor
a Deus e aos irmãos. O período da Quaresma este ano, através da CF, é reservado
para reflexão sobre nossos papeis como cristãos na sociedade brasileira atual e
seus desafios.
A duração da
Quaresma é baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. É um número de
expectativa, de preparação e de prova. Na Bíblia caracteriza as intervenções
sucessivas de Deus: Davi, como Saul, reinou 40 anos; o dilúvio durou 40 dias;
Moisés serviu Deus no Monte Sinai durante 40 dias e durante 40 anos Moisés
conduziu o povo de Israel na peregrinação pelo deserto até chegaram à Canaã;
Jesus passou 40 dias no deserto e depois apareceu ressuscitado durante 40 dias
etc.
Cerca de 200 anos
depois da morte de Cristo, os cristãos começaram a preparar a Festa da Páscoa
com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 D.C., a Igreja
Católica aumentou o tempo de preparação para 40 dias. Assim surgiu a Quaresma.
Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se
de um tempo especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder
participar com maior plenitude do mistério pascal do Senhor.
A liturgia da
Quaresma insiste: o pecado não é irreparável. Para os que creem, existe volta,
conversão, perdão e salvação. Jesus não veio para condenar, mas para salvar.
“Eu vim para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
É importante lembrar que o jejum é obrigatório para os católicos entre 18 e 60
anos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Ao longo do período da
Quaresma há também o costume de dar esmolas aos pobres e mais necessitados.
Brendan Coleman Mc
Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE.
Fonte: O
Povo, de 22/2/2015. Espiritualidade. p.11.
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