Por Padre Geovane Saraiva *
Com a chegada do
Salvador da história da humanidade, o cansaço e o desânimo deveriam
desaparecer. O Filho de Deus apareceu como luz misteriosa a envolver os povos
da terra numa só fé. Agora, é necessário que se perceba que ele fala nos
acontecimentos e na vida das pessoas; mais importante é o convencimento de sua
proposta e que através dela temos projeto de amor, de mudança de rumo, como dom
e tarefa ofertados às pessoas de boa vontade. É o mistério do Filho de Deus
encarnado a dominar a nossa história, ocupando o primeiro lugar no plano
salvífico e redentor, sempre muito claro na manifestação da vontade do nosso
bom Deus, a nos assegurar que sua aliança alcançou a plenitude.
Na sua mensagem do
último Natal, o Papa Francisco disse assim: “São as pessoas humildes, cheias de
esperança na bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o
Espírito Santo iluminou os pastores de Belém, que correram à gruta e adoraram o
Menino”. Em uma linguagem profundamente carregada de ternura e solidariedade
também disse: “Jesus Menino penso em todas as crianças assassinadas e maltratadas
hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos
seus pais e sepultadas no egoísmo duma cultura que não ama a vida; seja nas
crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas e exploradas
sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas crianças
massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus nasceu. Ainda
hoje o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes. Sobre o seu
sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso tempo”.
Já na sua palavra
para o último dia do ano de 2014, o Sumo Pontífice na sua incomensurável
ternura conclamou os cristãos a terem coragem de proclamar na cidade “que é
necessário defender os pobres e não defender-se dos pobres, que é necessário
servir os mais fracos, e não servir-se dos mais fracos”. Falou também durante o
Te Deum que temos que “agradecer ao Senhor por tudo o que recebemos e pudemos
realizar e, ao mesmo tempo, repensar as nossas faltas e pedir perdão”, tudo a
partir do Filho de Deus, no seu plano inaudito de salvação e libertação do
gênero humano, fazendo-nos compreender que temos que render graças a Deus por
sua manifestação, a qual trouxe a salvação a todos os povos da terra.
Falou em um
linguajar voltado em primeiro lugar para ele próprio, na condição de Bispo de
Roma: “Sendo também Bispo de Roma, gostaria de deter-me sobre o nosso viver em
Roma, que representa um grande dom, porque significa habitar na cidade eterna,
significa para um cristão sobretudo fazer parte da Igreja fundada no testemunho
e no martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. E portanto, também por isto
agradecemos ao Senhor. Mas, ao mesmo tempo, representa uma grande
responsabilidade. E Jesus disse: “A quem muito foi dado, muito será pedido”
(cf. Lc 12, 48). Assim perguntemo-nos: nesta cidade, nesta Comunidade eclesial,
somos livres ou somos escravos, somos sal e luz? Somos fermento? Ou somos
apagados, insípidos, hostis, desconfiados, irrelevantes, cansados?”
Veja estimado
leitor, quão profunda, foi sua reflexão: “Quando pediram a São Lourenço para
levar e mostrar os tesouros da Igreja, levou simplesmente alguns pobres. Quando
numa cidade os pobres e os fracos são cuidados, socorridos e promovidos na
sociedade, eles se revelam o tesouro da Igreja e um tesouro na sociedade. Ao
contrário, quando uma sociedade ignora os pobres, os persegue, os criminaliza,
os obriga a “mafiarem-se”, esta sociedade se empobrece até a miséria, perde a
liberdade e prefere “o alho e as cebolas” da escravidão, da escravidão do seu
egoísmo, da escravidão da sua cobardia e esta sociedade cessa de ser cristã”
(31.12.2014).
Nosso querido Papa
Francisco nos convence sempre mais do poder e da ação salvífica de Deus, que no
seu poder e força se encontram no serviço e na doação, no amor e na entrega
desinteressada, que gera belos sinais de vida; restando-nos, com todo o
universo, contemplar e imitar seus gestos grandiosos. Deus guarde o Papa
Francisco!
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza e pároco de Santo Afonso - Parquelândia.
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza e pároco de Santo Afonso - Parquelândia.
Fonte: O
Povo, de 18/1/2015. Espiritualidade. p.14.
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