Por Affonso Taboza (*)
Uma faixa convocava as Forças Armadas à ação. Não
vi protestos nem reações negativas a isso
Sorte minha estar em
São Paulo no dia 15 de março, um domingo histórico. No meio da multidão, pude
participar de um dos maiores acontecimentos cívicos já vistos neste País. Um
milhão de pessoas – segundo cálculo da PM – lotava a Paulista e formigava nas
ruas adjacentes. Da esquina da rua da Consolação, tentei sem êxito alcançar o
Masp. Não consegui furar mais que noventa ou cem metros. Gente demais. Três
helicópteros parados sobre a avenida fazendo a cobertura. Dois drones
sobrevoando a baixa altitude, filmando. Faixas e cartazes em profusão: “Fora
Dilma!” e “Fora PT!”, incontáveis; “Quem mente não pode ser Presidente!”;
“World press, we need you now” (“Imprensa estrangeira, precisamos de você
agora!”); “Nossa bandeira jamais será vermelha!”; “Eu vim de graça”, ironia ao
divulgado pagamento de R$ 35,00 aos manifestantes vermelhos da sexta-feira
anterior; “Sim à PF e ao MP!”; “Abaixo a corrupção!”; “Impeachment já!”.
Uma faixa convocava
as Forças Armadas à ação. Não vi protestos nem reações negativas a isso. Mas
lembrei que as FAs estão escoladas. Salvaram a Nação do comunismo em 64, foram
aplaudidas com entusiasmo no início mas logo passaram a ser objeto de
incompreensões e críticas de certos setores, e reação armada dos derrotados. E
mais à frente, até de perseguição pelos comunas encarapitados no poder. Melhor
sair de perto.
Para o caso Dilma, há
solução constitucional: renúncia, se a presidente se sentir acossada pelas ruas
e seu governo se tornar inviável; impeachment, a mais provável; ou exercitar
paciência de Jó por quatro anos e dar o troco nas urnas, se o Brasil ainda
estiver respirando. Lembrete: sugerir impeachment não é golpismo. Ives Gandra
Martins, jurista de renome, respeitadíssimo, vê neste caso razões sobejas para
tal. Redigiu um alentado parecer a respeito. Lembre-se que, por muito menos,
Collor foi “impichado”. O dano causado ao País por esta senhora e por seu
antecessor é incomensurável.
Idosos, crianças nos
ombros dos pais, um cadeirante, gente que se podia sentir de todas as classes
sociais, cores e raças povoavam a avenida na maior harmonia e entusiasmo. Não
eram só brancos e ricos, nem a “zelite”; como brada o chavão petista. Ali, na
Avenida Paulista, estava uma amostra gigantesca e bem representativa do povo
brasileiro, renegando a corrupção, o desmando, e repudiando o petismo e seu
modo infame de governar. Pedindo, em última análise, o fim urgente deste
pesadelo.
(*) Coronel reformado do Exército e engenheiro
civil
Publicado In: O Povo. Fortaleza, 26 de março de
2015. Caderno A (Opinião). p.9.
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