domingo, 22 de maio de 2016

FOLCLORE POLÍTICO III



Jesus e Madalena
Tancredo Neves era promotor em São João Del Rey, em Minas.
Um homem chamado Jesus matou uma mulher chamada Madalena. Tancredo pediu 22 anos de cadeia para Jesus, o júri deu 18, Jesus foi para a cadeia, Tancredo esqueceu. O tempo passou. Nove anos depois, Tancredo advogado, vai a Andrelândia, pequena cidade próxima a São João Del Rey. De barba por fazer, entra em modesta barbearia de canto de rua, senta-se, está cansado, fecha os olhos, o barbeiro pega a navalha, afia, começa a tirar-lhe a barba, puxa conversa:
- O senhor é o Dr. Tancredo Neves, né?
Tancredo abre os olhos, reconhece Jesus, o assassino de São João Del Rey. Espia pelo canto do olho, a barbearia vazia, a rua vazia, não chegava ninguém, não passava ninguém, o suor minava aflito na testa molhada e Jesus com a navalha enorme na mão pesada correndo garganta abaixo, sobe-desce, sobe-desce, abrindo caminhos na espuma.
Jesus ficou só espiando. Tancredo só teve voz para dizer:
- Sou, sim.
- Pois é, Dr. Tancredo, a vida.
- Pois é, Jesus, a vida.
- Cumpri nove anos dos 18, estou aqui, o senhor aí, o senhor com sua barba, eu com minha navalha. Só queria lhe dizer uma coisa, Dr. Tancredo.
Tancredo suava, Jesus corria a navalha pelo pescoço:
- Que coisa bonita é um júri, hein, Dr. Tancredo? Que coisa mais bonita, que discursos bonitos que o senhor e o outro doutor fizeram!
Fonte: Gaudêncio Torquato (GT marketing comunicação).

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