segunda-feira, 4 de setembro de 2017

ESPÍRITO PÚBLICO


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Aqueles que assumem um cargo na vida pública pensando em fazer negócios, desenvolver tráfico de influências, tirar incentivos ou financiamentos de órgãos estatais, dentre outras atitudes, não possuem sensibilidade política e muito menos moral, são dominados por forças da corrupção. Não são democratas. Como disse François Maurice: "O ideal democrático ensina como um povo livre pode tornar-se forte, e um povo forte permanecer justo". Por outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores políticos, administrativos, econômicos e sociais, leva-nos ao caminho da justiça e da liberdade, sem opressão física ou moral, mas com capacidade de entendimento ético-jurídico. O objetivo da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. As democracias não podem ser ameaçadas pelas estratégias de emboscadas e conluios, bem como por atitudes aéticas e amorais, muito comuns em regimes fragilizados pela baixa institucionalização de sua vida política. Norberto Bobbio, defensor da democracia, dos direitos individuais e da lei, ao analisar o “liberal-socialismo", destaca ideias compatíveis com a liberdade, a igualdade de oportunidades e a justiça social. Um país precisa de caminhos pavimentados pela crença e pela largueza de propósitos, observando-se, acima de tudo, os verdadeiros interesses da população. Para tanto, é fundamental que, principalmente, a classe política tenha um comportamento compatível com a ética, a transparência e com o espírito público.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 19/5/2017.

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