quinta-feira, 7 de setembro de 2017

DO PÃO DE LÓ AO TRANSATLÂNTICO


Por João Soares Neto (*)
Tenho recebido e-mails e whatsaap (não uso os demais aplicativos) de leitores, amigos, familiares e até de estranhos, relatando a preocupação dessas pessoas com a situação econômico-institucional do Brasil. Ao mesmo tempo, pedem uma opinião minha.
Vamos lá. Há um mundo de opiniões extremadas nas mídias sobre o nosso país. Há os que desejam o desaparecimento de toda a classe de políticos. Lula, Temer, Ciro, Bolsonaro, Doria e Alckmin vão de quase deuses a demônios. Há uma semi-unanimidade favorável à Polícia Federal, Operação Lava-Jato e ao Juiz Sérgio Moro. E querem outras investigações.
Não há como negar que a Crise Econômica de 2008, ao contrário do que pensavam muitos, atingiu o Brasil. Foi de “marolinha” para um quase tsunami. É bem verdade, soube-se depois, que as rédeas e os cofres da economia nacional estavam à deriva.
Bancos públicos se acumpliciaram de todas as formas com grandes empresas nacionais, ao mesmo tempo em que concorrências eram dirigidas sempre aos mesmos grandes “players”. Esses fatos foram reverberando para os estados membros. Só agora, começam a aparecer, de leve, na Mídia.
Por outro lado, as comodities (matérias-primas) perderam o avanço de preços, face à diminuição de atividades industriais dos grandes países importadores. Assim, com menos procura, os preços caem. Simples. Somos grandes exportadores de matérias-primas. Haja prejuízos. O Brasil grande pedia Copa do Mundo e Olímpiadas. Papo, desvios e prejuízo.
Verificou-se que a eficiência e a eficácia prometidas nas licitações, concessões, privatizações e parcerias público-privadas, eram, quase sempre, fajutas. Não havia fiscalização. Ou quando havia, agentes públicos e lobistas facilitavam tudo. Conluios.
Cada operação da Polícia Federal nos últimos anos descobre um liame solto e, ao cabo, elas atingem, quase sempre, repetidas figuras de empresários, políticos e dirigentes de órgãos públicos, especialmente os que possuíam – e ainda possuem- diretorias compostas por indicações partidárias. Brasil a dentro.
Nada é novo. Apenas me desobrigo dos pedidos com ajuda de Samuel Pessôa, com circunflexo, físico com doutorado em economia, em artigo na Folha de São Paulo, 20 deste agosto de 2017, p A28. Ele refere: “O grosso das nossas distorções prejudiciais ao crescimento econômico inclusivo – a maior arma de combate à pobreza no Brasil e no mundo -não tem origem no conflito entre equidade e crescimento. Na verdade, a maior parte delas é fruto das ações dos grupos de pressões que criam isenções e favorecimentos para si em detrimento do bem comum”.
E dá nome ao gado: “A lista de meias-entradas, na feliz expressão de Marcos Lisboa e Zeina Latif, é longa: aposentadoria integral de servidor público; contribuições compulsórias sobre a folha para o sistema S; grupos isentos de pagar imposto de renda; excessos de Bolsa Ditadura; excessos da Lei Rouanet; regimes tributários especiais do PIS, COFINS, ICMS, Simples e lucro presumido; empréstimos subsidiados; Zona Franca de Manaus; direito irrestrito de greve de servidor público; benefícios aos Estados do Centro-Oeste, apesar de sua renda per capita ser equivalente à de Minas Gerais; etc.”
Essas atitudes precisam ser coibidas. Isso, entretanto, nunca poderá ser alcançado em nenhum governo de coalização, o que temos desde 1999. No próximo ano, haverá eleição para Presidente, Governadores, uma parte dos senadores, deputados estaduais e federais. Cada pessoa conclua o que deduziu desta análise. Daí para frente, o problema é seu. É meu. É nosso. E de todos. O Brasil superará esses descalabros, acredite.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras.
Publicado In: Suplemento de O Povo, de 25 de agosto 2017.

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