Por Weiber Xavier
(*)
m surto de 1.888 casos de lesão pulmonar associada ao uso
de cigarro eletrônico, dados de outubro deste ano pelo Centro de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, com 37 mortes confirmadas tem
levado a um alerta sobre o uso dos cigarros eletrônicos.
A lesão pulmonar associada ao uso
de produtos de cigarro eletrônico, Evali (e-cigarette
or vaping product use-associated lung injury) descrita pelo CDC embora
ainda não esteja identificada a causa das lesões pulmonares nesses casos, a
única coisa comum entre todos os casos é o relato de uso de produtos de cigarro
eletrônico, comumente chamado de vaping,
que contém tetra-hidrocanabinol (THC) e/ou nicotina.
Os cigarros eletrônicos funcionam
aquecendo um líquido para produzir um aerossol que os usuários inalam nos
pulmões .Foi demonstrado que os fluidos do cigarro eletrônico contêm pelo menos
seis grupos de compostos potencialmente tóxicos: nicotina, carbonilas,
compostos orgânicos voláteis (como benzeno e tolueno), partículas,
oligoelementos metálicos de acordo com o sabor, endotoxinas bacterianas e
glucanos fúngicos, além de THC e canabinoide, composto psicoativo de maconha
que causa alterações cerebrais. Cerca de 95% dos pacientes apresentaram
inicialmente sintomas respiratórios (tosse, dor no peito e falta de ar),77%
apresentaram sintomas gastrointestinais (dor abdominal, náusea, vômito e diarreia)
e 85% apresentaram sintomas constitucionais (febre, calafrios e perda de peso).
O quadro clínico varia de
desconforto leve do trato respiratório a lesão aguda das vias aéreas e danos ao
parênquima com pneumonite, edema alveolar, insuficiência respiratória e morte. Uma
infecção pulmonar não parece estar causando os sintomas do surto. Uma via
fisiopatológica comum inclui inflamação, edema das vias aéreas com descamação
epitelial, inflamação alveolar e edema com hipoxemia. Os achados radiográficos
consistentes com Evali são infiltrados pulmonares na radiografia torácica e
opacidades na tomografia computadorizada de tórax. A grande maioria dos
pacientes necessita de tratamento hospitalar,47% necessita cuidados de UTI e
22% entubação endotraqueal e ventilação mecânica. Esforços devem ser feitos
para aumentar a conscientização do público sobre o efeito prejudicial do
vaping, e deve-se desencorajar particularmente os jovens quanto ao uso de
cigarro eletrônico.
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/11/2019. Opinião. p.20.
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