Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
No balanço, temos mais ganhos do que perdas ao
chegar às terceiras idades. Chega de rancores das coisas que nos fizeram, das
posições que não fomos capazes de alcançar ou realizar…
A velhice tem início a partir dos 75 anos
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso acontece porque muitas
pessoas que possuem 60, 65 anos ainda estão no mercado de trabalho e apresentam
expectativa de vida maior do que a anos atrás. A idade é um dos assuntos mais
comuns de nossas conversas: “Ela nem parece ter a idade que
tem”. “Qual a
idade desta criança?” “Ela é muito inteligente para sua idade”. Até as mais variadas publicações
costumam por a idade entre parênteses, após o nome das pessoas.
… além das
três idades citadas, deveria haver uma idade mental, uma idade intelectual e
uma idade cultural. Trocado em miúdos, nessa época das malhações…
Considera-se na existência humana três
idades: a idade legal, a idade fisiológica ou biológica e a idade social.
Alguns preferem considerá-la apenas a partir da certidão de nascimento
(cartorial), a da saúde e a da idade profissional. Não importa qual seja o
método ou a denominação, vale tudo para vencer a luta contra o envelhecimento.
Mas, além das três idades citadas, deveria
haver uma idade mental, uma idade intelectual e uma idade cultural. Trocado em
miúdos, nessa época das malhações, das/nas academias de ginásticas dos
narcisos, creio que é melhor exercitar os neurônios que lutar contra a perda da
massa muscular. Sem desmerecer a importância da saúde corporal, acredito ser o
exercício mental mais importante que os exercícios físicos.
Quando jovens sofremos carências e
enfrentamos desafios. Tudo começa com o trauma do nascimento, o desmame, o dos
mais diversos abandonos, o de suportar as neuroses dos pais, o da adaptação
social; temos medo de deixar a infância para traz. Ao chegar à vida adulta,
urgem os mais variados temores.
A necessidade de vencermos na vida, trabalho,
emprego, conflitos de relacionamento, cônjuges, pressa, correrias, disputas
mais acirradas, chefes, patrões. Tantos são os desafios que somente posso
terminar com um grande ETECETERA.
No entanto, na medida em que envelhecemos nos
livramos dessas responsabilidades, dos deveres, das obrigações, e tudo vai se
acalmando – lentamente. Algumas aspirações que tínhamos foram realizadas e,
quanto às que não o foram, delas esquecemos ou com sua perda nos conformamos.
No balanço, temos mais ganhos do que perdas
ao chegar às terceiras idades. Chega de rancores das coisas que nos
fizeram, das posições que não fomos capazes de alcançar ou realizar.
Os medos diminuíram. Agora temos mais tempo
para nós mesmos. As invejas e as ansiedades amainaram-se. Vale lembrar que a
alegria de viver com saúde e paz poderá ser desfrutada por mais tempo. No
contemporâneo, o aumento da longevidade é um fato. Não tolero os velhos
ranzinzas e relembro aos da minha idade que o humor provoca riso e que a inteligência
provoca humor.
A prescrição que faço como médico é que ao
lado dos exercícios físicos, cultivem os exercícios mentais. Manter o cérebro
ativo: esse é o segredo da juventude.
Acredito ser a prescrição que acabo de fazer
o melhor remédio contra a velhice. Não valeria chegar aos setenta anos, se toda a sabedoria
do mundo fosse tolice (Goethe-1749-1832). Agora chegamos aos 80 e trá-lá-lá, devemos é
aproveitar a vida. Repito: exercitem o corpo, mas não se esqueçam de exercitar
a mente.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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