sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

AOS VIVOS: "Os alores* dos meus amigos" ... e outros causos


Os alores* dos meus amigos

Recebi duas cartas, cada uma melhor que a outra, com assuntos diversos, assinadas por esses "caba bom" que tenho a honra de desfrutar do convívio.
1ª - Do "xarapa" Tarcísio Garcia
Estou escrevendo para lhe convidar para um bazar que vou fazer lá em casa, no derradeiro sábado deste mês. Podemos marcar para você escolher logo umas catrevagens, porque tem muita coisa boa, mas tem muito refugo também. Outra coisa, quero aproveitar essa carta para lhe contar um problema que está atazanando meu juízo.
Não sei se acontece isso com você, mas comigo está uma coisa horrível! De uns tempos para cá, tenho tido muito abuso de ouvir música. Ou é por causa da mesmice, da ligeireza da internet que me deixou mal-acostumado, ou é porque estou ficando rabugento! Um bocado de sucesso que antes eu dava o maior valor, agora não escuto mais! Deixei de ouvir as que tem introdução muito comprida, as que tem pife, que falam em minha vaquinha e as que tem batuque. Estou preocupado! Outro dia saiu uma, que a cantora começou a se esgoelar tão alto chega tinia! Aí eu me agoniei, taquei-lhe o dedo no biloto e desliguei o rádio!
Por isso, meu amigo, que vou fazer o bazar: é para vender esses discos que tenho desde o tempo do bumba! Não aguento mais! Você é testemunha de que no passado já gostei muito dessas músicas, mas agora, após mais de cinco décadas de audições, atingi minha quota de saturação. Chega! Acho que meu pé do ouvido perdeu a validade. Peço desculpa a você e aos amantes dos clássicos por essa confissão, mas a verdade é que não aguento mais ouvir Brasileirinho, A ema gemeu, Aquarela do Brasil. Vou torrar tudim! Passar no níquel! Ah! Um pedido de desculpa em especial ao seu Zequinha, mas o Tico tico no fubá é de graça. O primeiro que chegar leva!
Um abraço! GARCIA!
2ª - Do Giovani Oliveira
Furão, morador do Prado, é uma figura folclórica, biriteiro, que todo mundo gosta. Um tipo prestativo, que não faz mal a ninguém e os seus companheiros de cachaça o adoram. Certo dia, a galera ia a uma pescaria e logicamente como o furão não poderia faltar, os biriteiros foram buscá-lo em sua casa.
Lá chegando, um deles gritou:
- Furão, bóra macho!
A mãe do biriteiro sai e dá a maior bronca:
-Olhem vocês fiquem sabendo que aqui não tem nenhum furão. E o meu filho tem nome. Ele se chama Francisco das Chagas.
Um dos malandros que já havia tomado umas, perguntou:
- E quem é esse tal de Francisco das Chagas?
A mãe do pinguço meio atrapalhada, responde:
- Não é o Furão? Magote de cachaceiro!
...............
*Alores - plural de alô
Fonte: O POVO, de 22/02/2019. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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