Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A violência física, moral, intelectual, cultural, ética, em todos os
seus aspectos, tem se constituído no principal problema da humanidade. “Ahimsa” (não
violência) é um termo sânscrito, língua clássica da Índia, onde se busca a
verdade (“Satyagraha”). O principal ensinamento de Mahatma Gandhi baseia-se
num ativismo pacífico. Não confundir com passividade. Para ele e seus
seguidores, o uso da violência poderia conduzir a uma pseudoverdade. Dessa
forma, a filosofia gandhiana, além de rejeitar a violência, evidencia respeito
total à vida. Gandhi lutou para combater o mal com o bem, chegando a amar
aqueles que o odiavam. Por outro lado, lamentavelmente, muitas vezes, as
sociedades organizadas não abrem mão dos seus direitos, motivando o egoísmo e,
em consequência, gerando a violência. Cícero, jurista, filósofo, político e
grande orador salientou: “Summum jus - summa
injuria” (o supremo direito é a suprema
injustiça). Aquele que reclama todos os seus direitos pessoais pode ser
considerado um egoísta, um violento; porém aquele que busca a justiça atua em
nome do amor, da solidariedade, da não ambição e, consequentemente, de Deus.
Aliás, toda religião necessita de pioneiros e de pessoas que sintetizem a fé,
unindo princípios e consolidando uma doutrina coerente. Procuremos ter o Sermão
da Montanha como ponto fundamental da harmonia espiritual, pois dá ênfase ao
primeiro mandamento (o amor a Deus), mediante a fé, e ao segundo (o amor ao
próximo), através da ética. Conforme Gandhi, “Se
se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da
Montanha, nada estaria perdido”. Por fim,
admitindo-se ser o direito de natureza violenta e a justiça de caráter não
violento, somos levados a imaginar e debater um novo modelo político: ao invés
do Estado Democrático de Direito, o Estado Democrático de Justiça.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 28/8/2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário