Por Marcelo Alcântara Holanda (*)
Enquanto
escrevo, o Brasil alcança a triste marca de 100.000 mortos pela Covid-19.
Oficialmente, cerca de três milhões de brasileiros desenvolveram a doença em
pouco mais de cinco meses. Um número significativo segue subnotificado, outro
tanto com sequelas. Os primeiros casos foram confirmados em Fortaleza ainda em
março deste ano. Nossa capital, hub aéreo internacional e com uma das mais
altas densidades demográficas da nação, sofreu impacto mais precoce e intenso
da pandemia do que outras capitais do Nordeste, segundo análise do Centro de
Inteligência da Escola de Saúde Pública (ESP), autarquia vinculada à Secretaria
da Saúde.Três anos mais nova que o SUS (Sistema Único de Saúde), esse trintão,
a ESP, segue numa mobilização ininterrupta há pelo menos seis meses nessa grave
crise sanitária, que aponta a conscientização da importância do SUS para a
saúde dos brasileiros como o seu principal legado. Para tanto, é preciso narrar
o processo de enfrentamento permitindo reflexões e análises pertinentes. A ESP
se alinhou prontamente às ações governamentais. Poucos dias após os primeiros
casos, pôs no ar site dedicado ao enfrentamento da pandemia alcançando mais de
600 mil usuários. Protocolos clínicos, vídeos e notas técnicas sobre o manejo
da Covid-19 foram elaborados e publicados. Webconferências com mais de 20 mil
pessoas envolveram o Estado. Mais de mil profissionais de saúde foram
capacitados de forma presencial e o dobro em cursos EAD (Ensino a Distância).
A
escola participou ativamente das plataformas de telessaúde fundamentais na
orientação aos cidadãos. Nasceu na ESP a ideia do Elmo, capacete de auxílio à
respiração para prevenção à necessidade de intubação para pacientes com
insuficiência respiratória, numa força-tarefa com Funcap, UFC, Unifor e Fiec.
Com o Senai, a ESP trabalhou na idealização e viabilização da Central de
Ventiladores, que recuperou mais de 100 respiradores. O app iSUS pôs na palma
da mão dos profissionais recursos necessários ao melhor cuidado dos pacientes.
Uma rede de pesquisas clínicas apoiada pela ESP e com o programa Cientista
Chefe da Funcap se delineou em tempo recorde.
Desenhar
o futuro enfrentando o presente nos motiva a buscar o fortalecimento da ESP
como instituto de ciência e tecnologia e órgão de inteligência em saúde, não
como uma ação de governo, mas de Estado, cujos resultados podem transcender
gerações e beneficiar a todos.
(*) Médico. Professor da UFC. Superintendente da Escola de Saúde Pública do
Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/08/2020. Opinião.
p.17.
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