quinta-feira, 8 de agosto de 2024

ECONOMIA, POLÍTICA E FOME

Por José Meneleu Neto (*)

A superação de profundos problemas sociais produzidos pela desigualdade exige coragem de enfrentar e persistência de continuar. A fome em nosso estado tem características endêmicas que exigem políticas de urgência ao lado de políticas estruturantes. O Estado tem feito esforço continuado para a ampliação da segurança alimentar e o programa Ceará Sem Fome é parte central dessa consciência.

Ao analisar a evolução da segurança alimentar no Ceará, nos últimos 20 anos, observamos que em 2004, 44,3% dos domicílios cearenses tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 esse indicador cresceu para 64,9% dos domicílios. Mas esse foi um caminho cheio de percalços. O crescimento virtuoso do período 2004-2013 gerou milhões de empregos associados a políticas sociais que tiraram o Brasil do Mapa da Fome.

Esse contexto fez bem ao Ceará e a segurança alimentar cresceu, abarcando 64,5% dos domicílios cearenses em 2013. Porém, essa tendência foi interrompida pela guinada conservadora que levou à recessão e ao encolhimento das políticas sociais a partir de 2017. O resultado foram vários passos atrás no combate à fome: a segurança alimentar no Ceará em 2018 caiu para 53,1% dos domicílios.

Além disso, a crise sanitária da Covid-19 criou um cenário tenebroso para os mais vulneráveis. Para enfrentar esse cenário, o Ceará ampliou e persistiu com políticas sociais através do Vale-Gás, Auxílio Catador, Mais Nutrição, Cartão Mais Infância e Distribuição de Alimentos.

O contexto pós-pandemia tem sido de recuperação das perdas, mas temos muito mais a recuperar. O combate à fome mostra que a persistência é fundamental. Por isso, o Ceará Sem Fome fornece o cartão de R$ 300 de ajuda financeira para a compra de alimentos a 53 mil famílias. São R$ 185 milhões de recursos públicos anuais que também movimentam a economia local e o pequeno comércio nos 184 municípios do estado. As cozinhas populares atendem 109 mil pessoas/dia e representam R$ 163 milhões apoiando a ação solidária de comunidades espalhadas por todo Ceará. É necessário e urgente agir e persistir por um Ceará Sem Fome.

(*) Economista e professor da UECE, Diretor de Estudos Socias do IPECE.

Fonte: O Povo, de 10/07/24. Opinião. p.16.

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