segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O MELANCÓLICO FIM DO NOSSO FUTEBOL

Por Heitor Férrer (*)

Vi Pelé jogar. Vi o Brasil ser tricampeão mundial em 1970 no México, trazendo, de vez, a taça Jules Rimet. Portanto, passei a ser exigente e sei o que é jogar bola. Como muitos que viram a seleção jogar encantando o mundo afora, sofro com a apatia da nossa atual seleção que, há 22 anos, vem órfã de um título mundial. Os brasileiros nascidos de 2002 para cá não experimentaram o que vivenciamos de glória e supremacia do nosso futebol.

De lá para cá, o Brasil só tem decepcionado, tendo os melhores craques do planeta. Fomos campeão na Suécia em 1958, no Chile em 1962, em 1970 no México com a prata da casa, com jogadores que atuavam no Brasil. Pegávamos a melhor defesa de um time, o melhor meio campo de outro e o melhor ataque de um outro e fazíamos a melhor seleção do mundo. Hoje, pegamos jogadores que atuam na Europa, juntamos esses bilionários craques para baterem cabeça dentro das quatro linhas sem qualquer entrosamento. Resultado, um fiasco!

Esse modelo vem dando errado há 22 anos; temos que arrumar outra equação. Até há pouco tempo, defendia que teríamos que voltar ao modelo antigo, escolhendo os melhores daqui. Se der errado, errado já vem há 22 anos; tentaríamos uma outra fórmula e daríamos oportunidade aos que estão aqui de se projetarem e se tornarem, também, bilionários como os que atuam nos encantadores gramados europeus. Nosso fracasso começa logo quando da execução do hino nacional. Não cantam o hino, balbuciam com uma frieza cadavérica, sem sintonia, sem brasilidade. Veja como cantam seus hinos os europeus e os demais sul americanos. Vibrantes, sintonizados. Já entram em campo com o país nas chuteiras.

Campeã do mundo e agora da América, a Argentina me fez mudar de ideia quanto ao modelo antigo de nossa seleção. Todos os seus jogadores jogam fora. E por que com o Brasil não dá certo? Esses craques dão show na Europa e não rendem nada na seleção! Não se arriscam nas jogadas, não expõem suas bilionárias pernas, não se doam ao Brasil. Não vou ser maldoso. Credito à desorganização da CBF e a não manutenção de um time único que se entrose. Só assim, voltaremos a encantar o mundo e a ser campeão de futuras copas.

(*) Médico e ex-Deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/07/2024. Opinião. p.19.

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