domingo, 25 de agosto de 2024

EXPERIÊNCIA DE CONSOLAÇÃO

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Há quatro anos, estávamos em plena pandemia. A Igreja mostrava seu rosto divino e misericordioso na modalidade "Igreja doméstica". O deslocamento do templo para a casa representou uma fantástica oportunidade de reencontrar sua fonte mais pura e suas origens mais genuínas.

Antes de ser templo, a Igreja foi casa. A casa e a família sempre foram igrejas primeiras, onde se primeiro recebia o leite e a fé. A pandemia do coronavírus nos trouxe de volta para casa, espaço onde a família se reúne, conversa, briga, chora, pede perdão, se arrepende, ri, vê televisão, entre inúmeras outras vivências, e claro, celebra da fé - essa é nossa Igreja doméstica.

Fazendo uma retrospectiva dos últimos quatro anos, penso na quantidade de benefícios que recebemos. Há quanto tempo não rezávamos juntos em família? Cada um na sua casa e Deus na casa de todos. Encontramos novos caminhos para mostrar a Igreja viva, mais presente em novas formas na missão de servir e acompanhar espiritualmente seus filhos em momentos difíceis.

Considero que, apesar das dores e tristezas que vivemos, a fé da Igreja doméstica nunca esteve tão viva e tão forte. O amor de Deus nos unia, consolava e amadurecia. Deus estava ali, o tempo todo. Eu vivi um momento totalmente novo e inusitado, a partir das orientações da Arquidiocese, começamos a refletir sobre como transmitir a eucarística pelas redes sociais. Escrevi, publiquei um livro, orei, celebrei (inclusive, inúmeras missas de sétimo dia online), dei unção nos leitos de morte e experimentei as pegadas da Misericórdia neste tempo.

Tínhamos a preocupação de não deixar o povo sem o consolo da Palavra de Deus. Há uma frase do poeta português Fernando Pessoa que sempre me inspira: "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce". Ao sintonizar o nosso sonho com o desejo de Deus, o milagre acontece. Começamos a pedir a Deus que se fosse para a maior glória Dele e o bem das famílias, que Ele fosse iluminando e abrindo portas.

Assim, Deus fez: conduziu e abriu muitas portas. De repente, surgiu a oportunidade de uma Rádio FM, um canal de TV e o Instagram fazerem a transmissão, em plena pandemia. Confesso que se alguém cogitasse isso, nesse contexto, não acreditaria. Se: "O homem propõe e Deus dispõe".

Assim tem sido. Já seguimos há quatro anos, com as transmissões online. Uma experiência de consolação em proporcionar em tempos escuros momentos de alegria, fé, ânimo e esperança aos outros.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 27/07/2024. Opinião. p.18.


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