quarta-feira, 29 de outubro de 2025

MÊS MISSIONÁRIO: O chamado da Igreja ao anúncio do Evangelho

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Outubro é, para a Igreja Católica, um tempo especial de reflexão, oração e compromisso. Trata-se do Mês Missionário, instituído pelo Papa Pio XI em 1926, quando determinou que a Igreja universal dedicasse esse período à oração e ao apoio das missões.

A escolha não foi por acaso: em outubro celebramos Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões, que, mesmo sem sair do convento, ofereceu sua vida em oração e sacrifício para sustentar missionários em todo o mundo.

Sob a ótica da espiritualidade inaciana, este mês nos convida a escutar a voz de Cristo que envia os seus: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15). A missão não é privilégio de alguns, mas vocação de todos os batizados. Ser missionário é colocar-se a caminho, seja em terras distantes, seja no cotidiano, levando a Boa Nova por meio de gestos de misericórdia, solidariedade e justiça.

Vivemos tempos de crise social, política e espiritual. O mundo anseia por testemunhos que não apenas falem de Deus, mas revelem o Seu rosto no cuidado com os pobres, os sofredores e os que buscam sentido.

O Papa Francisco insiste: a Igreja deve ser "em saída", chamada a ir às periferias existenciais. Outubro, portanto, não é simples marca litúrgica, mas convocação a renovar o ardor missionário.

Na visão inaciana, a missão nasce da contemplação de Cristo. É no encontro pessoal com Ele, em oração, que brota o desejo de servir.

O missionário não é herói isolado, mas discípulo que caminha em Igreja, sustentado pela Eucaristia e pelo Espírito Santo. Esse mês nos provoca a revisar nossa vida espiritual, a fortalecer a comunidade e a assumir um compromisso mais profundo com a justiça do Reino.

Celebrar o Mês Missionário é recordar que a fé é dom a ser partilhado. Ela não pode ser trancada dentro dos templos ou guardada apenas como devoção privada. Outubro nos lembra que ser cristão é tornar-se sinal vivo do amor de Deus no mundo, capaz de iluminar uma humanidade ferida que clama por sentido, por paz e por esperança.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 18/10/2025. Opinião. p.22.

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