Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
“Vade retro Satana” (Afasta-te, Satanás”) é uma frase
usada em ritual para exorcizar os maus espíritos do corpo de uma pessoa. Por
vezes emprega-se, no dia a dia, o termo “vade retro” para eliminar fenômenos
indesejados.
Na realidade trata-se, por exemplo, pode-se dizer “vade
retro, inflação”. Na realidade trata-se de algo muito prejudicial a uma
sociedade, particularmente às classes menos favorecidas.
A inflação é um processo circular, portanto, difícil de
se estabelecer relação de causalidade. Um aumento de tarifa pública pode, ao
mesmo tempo, ser considerada causa e efeito do processo.
Não é fácil para os formuladores de política econômica
de um País buscarem o caminho para a eliminação do “dragão”, mas, por outro
lado, não é complicado estimular as elevações persistentes do nível geral de
preços, influenciadas, muitas vezes, por decisões inconsistentes de ordem
político-administrativa.
A inflação de demanda, excesso de procura sobre a
oferta, é gerada quando os mercados, por razões naturais e/ou artificiais,
evidenciam distorções. Já a inflação de custo reflete uma alta de preços
motivada por decisões de Governo e não por um jogo de oferta e procura do
mercado.
Por sua vez, a inflação setorial é uma combinação de
dois fenômenos: rigidez dos preços no sentido descendente e mudanças de preços
relativos. Não há dúvida, a inflação resistente desarticula os sistemas
administrativo, produtivo e político de uma sociedade. É uma questão complexa.
As autoridades de um País devem enfrenta-la com firmeza
e espírito público, não cedendo a pressões cartoriais e corporativas indevidas.
“Vade retro, inflação!”
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Enviado
por WA, 28/09/2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário