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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

IDEOLOGIA, QUEREMOS UMA PARA VIVER!

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Há tempos me questiono sobre o nosso futuro, e do porquê desse vazio, de um certo apagão de ideais.

Alguns dizem que já não existem homens que servem aos sonhos coletivos, especialmente os que tratam de benefício à sociedade. Refiro-me a um certo tempo de dedicações ao intangível, sobre solidariedade, sensibilidade e capacidade de ceder. Pois, costumo dizer que ganha quem cede. Trata-se do exercício de desprender-se das "verdades", e entender outras vertentes.

A ideologia nos norteia, toma forma sob diversos conceitos, de uma ciência das ideias, termo estabelecido pelos ideólogos franceses, à visão marxista sobre a consciência falsa- um conjunto de ideias que oculta a realidade como forma de estabelecer uma relação de domínio.

Mas como construir essa ideologia num mundo globalizado, que une culturas e civilizações diferentes? Como elaborar ideais num mundo Vuca, complexo, volátil e ambíguo?

Os inimigos não são mais palpáveis ou perceptíveis. Não são nações e seus valores ligados a qualquer modelo de estado. Não é o comunismo, o capitalismo ou qualquer outro regime que hoje nos aflige, e sim uma transformação instantânea da forma de viver, de amar e de desejar, sem citar um certo desvio das virtudes, valores que conduzem a uma sociedade mais justa.

Tudo está sendo posto em questão, os títulos, os tratamentos pessoais, a hierarquia e até os métodos científicos.

Em alusão a esse momento, Dr. Adrian, professor de medicina da Universidade da Catalunha, resgata em artigo valores atemporais como a honestidade, a honradez, a lealdade, a integridade, o talento, a responsabilidade e a dedicação.

A evolução tem seu caminho, e por Freud em três grandes transições que passam pela percepção do universo de Copérnico, pela teoria da evolução das espécies e da descoberta do inconsciente.

Enfim, o mais evidente é a desconstrução do egocentrismo, e da percepção das nossas vulnerabilidades diante da inexorabilidade do tempo. Tudo que transforma tudo em relativo! Assim sendo, evoluir é amadurecer, pressupõe dar colo a alma e ao espírito, significa dar cabimento às mudanças e às diferenças, permitindo-nos uma passagem mais terna.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/06/2023. Opinião. p.19.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

IDEOLOGIA E PRAGMATISMO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Para entendermos doutrinas e princípios inerentes à política, à economia, à história, dentre outras ciências, é fundamental possuir algum conhecimento das filosofias socrática, platônica e aristotélica. A ideologia pode ser vista como um conjunto de verdades definidas por uma pessoa ou grupo de pessoas. Já o pragmatismo é a interpretação das coisas mediante teses visando resultados nem sempre duradouros. A ideologia, quando verdadeira, encontra estratégias para vencer os obstáculos. Já o pragmatismo, procurando resultados de curto prazo, não consolida uma situação racional. A história nos mostra que as manifestações ideológicas, quando consistentes, levam-nos a caminhos pacifistas, éticos, de liberdade, de solidariedade e democráticos. Por outro lado, o pragmatismo de resultados poderá conduzir uma sociedade para desencontros de objetivos, bem como para regras de conduta moral duvidosas. Neste século XXI, os países, quer sejam desenvolvidos ou emergentes, estão em busca de melhores condições materiais, levando-se em conta, principalmente, o chamado processo de globalização. Tal quadro criou teorias confusas misturando teses liberais com teses autoritárias; propostas capitalistas com propostas socialistas; atitudes pacifistas com atitudes bélicas, até mesmo manifestações democráticas com manifestações totalitárias. Dentro deste quadro de referência, é sempre saudável ter a convicção de que a pior democracia é preferível a qualquer ditadura, como também, em qualquer país, o objetivo da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de quem governa. As manifestações sinceras e coerentes de apoio e desaprovação a um governo constituem os pilares básicos de sustentação de um sistema democrático. São sinceras, quando não se aproveitam de fatores circunstanciais como também não buscam vantagens eleitoreiras ou de outra natureza, numa visão puramente tática. Por outro lado, são coerentes quando rejeitam o pragmatismo alienado e procuram propostas compatíveis com as diretrizes programáticas baseadas em ideias estratégicas. Ademais, é fundamental ter em mente a defesa de princípios éticos e morais, bem como a importância dos direitos individuais e sociais.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 4/02/2022.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

QUAIS SÃO OS SEUS VALORES?

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Tenho afirmado repetidas vezes que a nomenclatura esquerda e direita é muito simplista e pueril. Precisamos de um posicionamento claro sobre cada assunto que altera significativamente a rota das nossas vidas como povo brasileiro. Não concordamos com um Estado totalitário que exerça um controle social patológico.

Concordamos com um Estado que defenda a liberdade de pensamento e vida, garantindo as liberdades individuais, o livre mercado e a participação mínima do governo na vida dos cidadãos. Somos frontalmente contrários a leis que legalizem o aborto; defendemos a vida desde a sua concepção.

Abominamos a liberação das drogas pois entendemos que ela destrói todo o tecido social paulatinamente; nós tratamos e amamos os dependentes químicos. Aprovaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo; nós defendemos a família tradicional criada por Deus. Hoje defendem a mudança de sexo já nos primeiros anos de vida; nós entendemos que Deus criou somente o sexo masculino e feminino.

Impressionante como defendem o desarmamento; nós defendemos a posse e o porte de armas para o cidadão de bem. Estão tentando destruir a nossa língua portuguesa para demolir a nossa cultura; nós valorizamos a beleza da língua portuguesa. Eles tornaram a corrupção em endemia no Brasil; nós defendemos oportunidades iguais para todos e a honestidade como um valor inegociável. Eles defendem o fim das religiões; nós respeitamos todas as manifestações religiosas. Defendem a extinção das polícias e o surgimento de milícias; nós valorizamos e apoiamos as polícias e as Forças Armadas.

Estão agora tentando aprovar perdão de pequenos furtos; nós entendemos que todos devem pagar pelos seus erros. Defendem a prisão somente depois da última instância; apoiamos a prisão depois da segunda instância. Querem implantar uma maior carga tributária; nós defendemos a menor carga tributária possível. Invadiram as escolas com ideologias que destroem a família; nós entendemos que devemos ter um ensino de qualidade visando a aprendizagem e que a educação deve ser dada pela família. Temos muitos outros assuntos para pontuar, mas por hoje já dá para perguntar. Quais são os seus valores?

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Coreia do Sul Para a Implantação da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil.

Fonte: O Povo, 22/01/2022. Opinião. p.18.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Método Paulo Freire ou Método Laubach?

Frank C. Laubach (sentado ao centro) com missionários protestantes em Lake Winnipesaukee, New Hampshire, no ano de 1961.

Por David Gueiros Vieira

O Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach (1884 – 1970). Desenvolvido por Laubach nas Filipinas, em 1915, subseqüentemente foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e em várias partes da América Latina, durante quase todo o século XX.

Em 1915, Frank Laubach fora enviado por uma missão religiosa à ilha de Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de ódio aos estrangeiros.

A população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava, nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita, e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.

Com o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.

Utilizando essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach, criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.

Na América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros países latino-americanos.

Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% – o que muito nos envergonhava – e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.

A visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e faculdades — não havia ainda uma universidade em Pernambuco — e conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela época não iam muito além do local onde residia.

Houve também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa época, a revista Seleções do Readers Digest publicou um artigo sobre Laubach e seu método — muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.

Naquele ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de Pernambuco — assim ele afirma em sua autobiografia — encarregado dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão. Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua “condição de oprimidas”. O autor dessas outras cartilhas era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu nome à essa “nova metodologia” — da utilização de retratos e palavras na alfabetização de adultos — como se a mesma fosse da sua autoria.

Tais cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil marxista, para a promulgação da revolução entre as massas analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire “pegou”, e esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive pela ONU.

No entanto, o método Laubach — o autêntico — fora de início utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de 30.000 pessoas da favela chamada “Brasília Teimosa”, bem como em outras favelas do Recife, em um programa educacional conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade. Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente livro, intitulado, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).

O Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de Bágamos. Seus professores foram acusados de “subversão”, e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.

A organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo governo brasileiro como programa válido de alfabetização de adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina (1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).

A oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo, em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco, especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda, dizia-se que o programa ABC estava “cooptando” o povo, comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa “imperialista”, que tinha em meta unicamente “dominar o povo brasileiro”.

Como a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o mesmo, se propuseram criar uma espécie de “bolsa-escola” de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O Ensino Público, reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita por este Autor.

No entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a “cooptar” o povo. Em Brasília, como “idéia genial do Sr. Cristovam Buarque”, esta é hoje abençoada pela Unesco, espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.

O sucesso da campanha ABC — que incluía o Método Laubach e a bolsa-escola — foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo governo militar, sob o nome de Mobral. Sua filosofia, no entanto, foi modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem-sucedido quanto a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.

A maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda pernambucana, era que o Método Laubach era “amigo da ignorância” — ou seja, não estava ligado à teoria marxista, falhavam em esclarecer seus detratores — e que conduzia a “um analfabetismo maior”, ou seja, ignorava a promoção da luta de classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de alfabetização no Rio de Janeiro — que utiliza o Método Laubach, em vez do chamado “Método Paulo Freire” — foi cortado, sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria “produzindo o analfabetismo” no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.

Não há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo, encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos, criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de “Método Paulo Freire”, em terras tupiniquins. De tal maneira foi bem-sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível desfazê-lo.

Referências:

AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 1994.

BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus. Ed. Mundo Cristão, SP, 1997.

CAMPOLO, Anthony. Você pode fazer a diferença. Ed. Mundo Cristão, SP, 1985.

GONZALES, Justo e COOK, Eulália. Hombres y Ángeles. Ed. Alfalit, Miami, 1999.

GONZALES, Justo. História de un milagro. Ed. Caribe, Miami (s.d.).

GONZALES, Luiza Garcia de. Manual para preparação de alfabetizadores voluntários. 3ª ed., Alfalit Brasil, Rio de Janeiro, 1994.

GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. 7ª ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1994.

HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Ed. Betânia, Belo Horizonte, 1999.

LAUBACH, Frank C.. Os milhões silenciosos falam. s. l., s.e., s.d.

MALDONADO, Maria Cereza. História da vida inteira. Ed. Vozes, 4ª ed., SP, 1998.

SMITH, Josie de. Luiza. Ed. la Estrella, Alajuela, Costa Rica, s.d.

SPACH, Jules. Todos os Caminhos Conduzem ao Lar. Recife, PE, 2000.

Nota do Blog: O autor David Gueiros Vieira é historiador. Artigo copiado de http://paraibarama.blogspot.com/2008/12/mtodo-paulo-freire-ou-mtodo-laubach.html, em 01.02.2011, e publicado originalmente em Mídia Sem Máscara, em 9 março de 2004.


terça-feira, 21 de abril de 2020

SÓCRATES ENCONTRA PROFESSOR DA USP


Texto atribuído a Ricardo Roveran
"Sócrates, enviado para 2017 em um vórtice temporal, cai em São Paulo, no meio de um manifesto, e encontra um militante esquerdista:
– Olá, excelente rapaz! Do que se trata toda essa gente reunida?
– Olha, velhote desinformado, estamos lutando contra a elite por justiça!
– Sim, eu realmente sou um desinformado, eu sou quem não sabe, mas estou muito feliz de encontrar você, que realmente sabe! Peço que me ensine, é possível?
– Sim, claro, sou da USP, tem muita coisa que você precisa aprender!
– É um grande dia, excelente rapaz! Finalmente encontrei alguém sábio que me ensinará! Primeiro, gostaria de saber o que é a elite, depois o que é justiça e por último por qual aplicação de justiça estão lutando. Pode ser nessa ordem?
– Sim, isso é fácil!
– Perfeito! O que é a elite!?
– A elite são os ricos, que têm muito dinheiro, muitos bens.
– Então, o critério para discernir a elite é a quantidade de dinheiro, de bens, que possui, certo?
– Sim, é esse mesmo!
– E a partir de que ponto um homem é considerado rico, participante da elite?
– A classificação disso é através classes sociais, que são A, B, C, D, E e F! A classe A é quem tem mais, e vai diminuindo para quem tem menos, até a classe F, que é praticamente miserável e não tem nada...é por eles que lutamos!
– Certo, como eu posso identificar quem é a elite nesses termos?
– São as classes A, B e C, mas é só ver quem ganha mais de 2.300 por mês, que já é elite!
– Entendi, e os outros todos não são elite, certo?
– Sim, o critério é esse.
– Quem ganha mais de 2.300 por mês é a elite, e a elite é malvada, certo?
– Certo!
– E quem ganha menos de 2.300 por mês não é da elite, e não é malvado, correto também?
– Sim, é exatamente isso! O senhor está aprendendo muito bem! Qual seu nome?
– Meu nome é Sócrates, excelente rapaz!
– Certo, Sócrates! Está aprendendo muito bem.
– Você é formado em uma universidade, não é isso?
– Sim! Sou inclusive professor! Da USP, como eu disse!
– Que dia maravilhoso para mim, excelente rapaz! Encontrei finalmente um sábio! Quanto ganha um professor da USP?
– Eu ganho 10 mil…
– Então...você é da elite e é malvado?
– Não… é que… olha… eu luto pelo povo e… eu quero só o bem dele!
– Mas você disse que o critério era esse…
– Eu sei, parece estranho, mas são nossos representantes que vão acabar com essas diferenças sociais!
– Estou me esforçando para compreender: quem são seus representantes?
– São os políticos!
– Quanto ganha um político hoje, rapaz?
– Depende: deputado ganha cerca de 39 mil por mês, um senador uns 33 mil…
– Então eles são da elite também!
– São, sim… mas são eles que vão fazer o bem para o povo!
– Mas você me disse que a elite só faz o mal, e que o critério é que quem ganha mais de 2.300 por mês é mau...tanto você quanto seus representantes são da elite, devo supor que são maus, segundo suas próprias palavras… ou será de outra forma?
– Estou desconfiando que você é um infiltrado, velho! Como pode duvidar do que estou dizendo?
– Eu estou tentando aprender, você disse que me ensinaria. Mas, afinal, você é um homem mau e seus representantes também são maus, ou esse critério estará errado?
– Eu não sou mau! Lula é santo! Que espécie de perguntas são essas?
– Chama-se lógica, rapaz, eu só estou examinando seu próprio critério… se o critério estiver certo, você e seus representantes são maus, se forem bons então o critério está errado… não será dessa forma?
– Está bem, talvez o critério esteja errado, pois eu sou um homem bom, e meus representantes também são bons, afinal estou lutando pela justiça, pelo bem, por algo bom!
– Muito bem, rapaz! E qual a luta de vocês?
– Lutamos contra os maus… quer dizer, a elite…
– Nos critérios que você me colocou?!
– Sim!
– Oras, estão lutando contra si mesmos?!
– Não! Bem, talvez o critério esteja errado mesmo…não sei mais!
– Mas, me diga, o que é justiça?
– Justiça é que todos ganhem o mesmo salário! Para não haver desigualdade, sabe?
– Mesmo os que não trabalham?
– Não, só os que trabalham, claro…
– Então já não são todos... Concorda?
– Bem, quis dizer todos que trabalham; os que não trabalham ganham bolsas, essas bolsas é para que não fiquem sem nada…
– Essas bolsas são como um salário?
– Sim! Recebem uma vez por mês!
– E de onde sai o dinheiro dessas bolsas, rapaz?
– Impostos! As pessoas trabalham e pagam impostos, o estado redistribui a renda, e paga as bolsas.
– Então quem paga as bolsas é quem trabalha, e é justo que quem não trabalha receba salário por não trabalhar, e quem está trabalhando pague salário a quem não trabalha?
– Sócrates, você está me deixando confuso…
– Apenas me responda, a justiça consiste em pagar salário para quem não trabalha, é isso?
– Não… é redistribuir a renda…
– Mas, no final da sua redistribuição, isso é o que acontece, ou não?
– Sim, é… mas…tudo parece estranho, eu sei. Mas, quando fizermos o comunismo, tudo vai ser diferente, tudo vai ser justo e ninguém vai ser miserável, não vai dar pra você entender agora… a elite é poderosa e controla tudo!
– Rapaz, até agora tudo que você me disse foi contraditório, não?
– Sim, foi! É que você precisa esperar o comunismo acontecer! Aí, sim, tudo vai fazer sentido!
– Oras, rapaz, então esse tal comunismo, deve ser maravilhoso...onde aconteceu?
– Cuba, Coreia do Norte, Rússia, Alemanha Oriental…
– Então esses lugares devem ser o paraíso! Conte-me como são!
– Olha, as coisas não vão tão bem, alguns lugares já abandonaram o comunismo, mas os outros permanecem em luta!
– Rapaz, que surpresa! Por que afinal abandonaram algo tão maravilhoso?
– Não deu certo, mas continuamos tentando! É culpa do capitalismo!
– E os outros lugares?
– Cuba e Coreia do Norte continuam comunistas!
– Que maravilha! E como são esses lugares?! Estão bem? Todos são prósperos? Não existem mais classes?
– Pra falar a verdade, não estão bem não. Cuba e Coreia do Norte estão passando fome, mas isso é por culpa do capitalismo!
– Oras, mas um modelo tão bom, pelo qual vocês lutam, não faria apenas bem?
– É que os dirigentes não fizeram o comunismo como pensávamos, eles deturparam, fizeram outra coisa…
– Mas você me disse há pouco que eles eram bons…
– Eu disse mas… bem, nunca se sabe!
– Será que talvez vocês não estejam errados?
– Talvez, Sócrates…
– E por que esses países têm dirigentes?
– Eles têm poder militar, e muito capital…
– Oras, você me disse que não haveria classes sociais…
– No comunismo existem apenas as classes política e do proletariado!
– Então existem ainda classes, correto?
– Não tenho como discordar agora…
– Meu rapaz, não me parece que você esteja lutando por algo bom, pois seus exemplos foram todos maus, e não me parecem confiáveis seus representantes como bons, pois sempre terminam por trair o povo, e mesmo seus critérios não me parecem bons, pois não se sustentam agora, nem nos exemplos que me forneceu.
– O senhor está me deixando sem resposta. Eu preciso estudar mais… – Eu agradeço pela conversa, mas vou continuar procurando alguém realmente sábio, que possa me ensinar algo de sua sabedoria.
Um grupo de garotos se aproxima e cumprimenta o professor.
– Quem é este homem, professor?
– Um velho chamado Sócrates, que eu estava ensinando, mas agora estou um pouco confuso…
– Por que está confuso professor?
– Ele discordou de algumas ideias minhas, e eu não consegui sustentá-las…
O grupo de garotos grita:
– ATENÇÃO, TODO MUNDO! ESSE É UM VELHO FASCISTA! RACISTA! MISÓGINO! SEXISTA! HOMOFÓBICO!
Após levar cuspidas e apanhar, Sócrates sai ferido e desaparece no vórtice temporal.
O professor da USP prossegue em sua luta mas, cada vez que vê um velho calvo de barba comprida, começa a tremer de medo".
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Com autoria atribuída a Ricardo Roveran.

domingo, 22 de março de 2020

SOCIALISMO x CAPITALISMO


Havia um cavalheiro, carregando as coisas que havia comprado em um supermercado, quando um homem se aproximou dele, olhou para o BMW e disse:
- Você nunca se perguntou quantas pessoas poderiam ser alimentadas com o dinheiro que você gastou comprando esse seu carrinho?
O homem respondeu:
- "Não tenho certeza, mas imagino que ele tenha alimentado muitas famílias em Munique na  Alemanha, onde o construíram, certamente também alimentou no Japão as pessoas que trabalhavam na fabricação de pneus, ele alimentou na Índia e na Coréia onde as pessoas trabalharam para fazer os componentes internos, ele alimentou no Chile as pessoas da mina de cobre que realizaram a extração do mineral para os cabos elétricos, alimentou as pessoas que fizeram os caminhões que transportam o cobre, alimentou os motoristas de caminhão que levaram o carro da fábrica para o revendedor e também provavelmente alimentou os fazendeiros que venderam o couro para os assentos, os vendedores, os especialistas em marketing, até mesmo os responsáveis pela limpeza da sala de vendas e até mesmo o homem da pizza da esquina que vende pizzas aos funcionários  da concessionária e, com os impostos que pago, alimento vários mais, mas na realidade eu acho não sei quantas pessoas conseguiram se alimentar a partir desse carro. Mas, certamente, muitos mais do que eu imagino ...”
O homem ficou mudo e sem palavras. Ele virou-se e saiu.
E embora pareça retórica, a resposta é uma das grandes diferenças entre capitalismo e socialismo. Quando você compra algo, você coloca dinheiro no bolso de muitas pessoas e dá-lhes dignidade por suas habilidades, é quando esse dinheiro tem valor. Quando você dá algo a alguém por nada, você rouba sua dignidade e autoestima, e esse dinheiro livre não tem valor. O capitalismo está dando gratuitamente o seu dinheiro em troca de algo que tenha valor para você. O socialismo é quando eles tomam seu dinheiro contra sua vontade, para doar a alguém que, muitas vezes, não fez nada para merecer.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

domingo, 15 de dezembro de 2019

DIREITA X ESQUERDA


- Quando uma pessoa de direita não gosta de armas, não as compra.
- Quando uma pessoa de esquerda não gosta das armas, proíbe que você as possua.
- Quando uma pessoa de direita é vegetariana, não come carne.
- Quando uma pessoa de esquerda é vegetariana, faz campanha contra os produtos à base de proteínas animais.
- Quando uma pessoa de direita é homossexual, vive tranquilamente a sua vida como tal.
- Quando uma pessoa de esquerda é homossexual, faz um movimento com alarde para que todos também se tornem homossexuais e os respeitem.
- Quando uma pessoa de direita é prejudicada no trabalho, reflete sobre a forma de sair dessa situação e age em conformidade.
- Quando uma pessoa de esquerda é prejudicada no trabalho, levanta uma queixa contra a discriminação de que foi alvo e vai à Justiça do Trabalho pedir indenização por dano moral (e o pior:,,,,,, ganha!).
- Quando uma pessoa de direita é prejudicada na escola pública pelo baixo nível de ensino, se esforça e busca estudar mais e por conta própria para entrar em uma faculdade.
- Quando uma pessoa de esquerda é prejudicada na escola pública pelo baixo nível de ensino, passa a apoiar políticas escrotas de cotas raciais para entrar pela porta dos fundos na universidade, aceitando inclusive ser taxada de menos inteligente que os demais.
- Quando uma pessoa de direita não gosta de um debate transmitido pela televisão, desliga a televisão ou muda de canal.
- Quando uma pessoa de esquerda não gosta de um debate transmitido pela televisão, quer entrar na justiça contra os sacanas que dizem essas sandices. Se for o caso disso, uma pequena queixa por difamação será bem-vinda.
- Quando uma pessoa de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga e nem à mesquita.
- Quando uma pessoa de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou a uma religião seja feita na esfera pública, exceto para o Islã (com medo de retaliações provavelmente).
- Quando a economia vai mal, a pessoa de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais.
- Quando a economia vai mal, a pessoa de esquerda diz que os sacanas dos empresários, proprietários e similares são os responsáveis e punem o país, retaliando a tudo em praça pública, não percebendo que terá que repor, indiretamente!
Teste final:
Quando uma pessoa de direita lê esse texto, o repassa ou não.
Quando uma pessoa de esquerda lê esse teste, fica p... da vida e não o reenvia, além de querer processar e prender quem o escreveu...
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

domingo, 29 de setembro de 2019

Diferença entre Greta Thunberg e Malala Yousafza

Greta & Malala
Por Isaac Averbuch

Nos últimos tempos duas meninas chamaram a atenção do mundo e ambas foram parar na ONU. Duas histórias muito diferentes e duas personalidades totalmente distintas. Uma falou com pleno conhecimento de causa e outra sem conhecimento algum. Uma trazia um sentimento nobre, palavras sensatas e um semblante humilde; a outra exibe uma face arrogante, um discurso malcriado e interesses ocultos nada admiráveis (e que por isso precisam permanecer ocultos).
A que surgiu mais recentemente, a sueca Greta, que nem completou o ensino médio, pretende dar ao mundo aulas de ecologia. A ela não faltou, jamais, qualquer suporte material, desde antes de nascer. Nascida num dos países mais ricos do mundo, nunca viu a miséria de perto, não faz a mínima ideia do que sejam as dificuldades da vida, mas do alto da sua ignorância quer ditar como a humanidade deve viver. O excesso de conforto material não evitou que a mocinha se transformasse num pequeno poço de revolta. Em tom quase histérico anuncia que estamos às portas de uma “extinção em massa”. Com o olhar injetado de ódio e rosto crispado, questiona, sabe-se lá quem: “vocês roubaram a minha infância e os meus sonhos!”.
Como assim? O que lhe faltou na sua infância? Pelo jeito, carinho da família ou dos amigos e uma educação que lhe abrisse os olhos para o fato (evidente) de que o mundo é complicado mesmo e que as coisas não se resolvem do dia para a noite. Talvez conselhos no sentido de não ser tão agressiva e rancorosa. Se foi isso que lhe “roubaram”, garota, procure os culpados na sua casa e na sua escola, não no resto do mundo. Ah,.... mas à escola a menina-que-sabe-tudo não vai mais, exatamente porque já sabe tudo....
Eu me pergunto: roubaram seus sonhos? Foi mesmo? Aos 16 bem vividos anos já não há mais com o que sonhar? Se alguém lhe “roubou” esses sonhos e você não tem mais nenhum, o problema está em você, não no resto da humanidade. Se você não sonha em ter uma profissão ou uma carreira, ganhar a sua vida, ter uma família e, quem sabe, colaborar para construir um mundo melhor, o problema está só em você, que espera que seus “sonhos” lhe sejam entregues sem esforço. Isso não vai acontecer, menina. Melhor se acostumar com a ideia, por frustrante que ela seja. Talvez até hoje seus pais e financiadores ocultos tenham feito o possível para realizar esses tais “sonhos”, mas à medida que o tempo passa, o esforço precisa, cada vez mais, ser seu mesmo. E não adianta inchar a veia do pescoço enquanto esbraveja na ONU, sob os aplausos de uma plateia de idiotas que, avidamente, tentam sorver os ensinamentos que você não tem para lhes oferecer, porque isso não vai trazer seus "sonhos" de volta.
A outra garota anda meio desaparecida, mas não pode, jamais, ser esquecida. Em tudo difere da petulante suequinha. Refiro-me à paquistanesa Malala. Ela, sim, teve a infância roubada (e quase a vida se foi junto). Malala nasceu nos confins mais atrasados do Paquistão, onde predominam costumes tribais e o fundamentalismo islâmico. Malala tinha um sonho, estudar, e foi esse sonho, tão singelo, que lhe tentaram roubar. Sofreu ameaças, levou um tiro na cabeça. Sua família teve que fugir do país e ela chegou entre a vida e a morte na Inglaterra (num antiecológico avião a jato, não num barco a vela), onde foi salva. Malala sobreviveu para contar a sua história, para prosseguir no seu sonho e para ajudar a fazer um mundo melhor, para si e para todas as mulheres que sofrem perseguições e discriminações e, com o seu exemplo, dar-lhes maiores oportunidades. Malala tinha mil razões para odiar e para se queixar, mas sua presença, por onde passa, transmite uma mensagem de serenidade e firmeza na defesa de ideais nobres. Malala não exala ódio, desejo de vingança, ao contrário, cativa pela sua modéstia e seu sincero desejo de fazer o bem.
O contraste entre as duas é brutal. Uma sempre teve tudo e acha que nada presta. A outra, teve uma origem extremamente humilde, não tinha sequer liberdade e quase perdeu a vida por um sonho tão modesto. Não se abateu, não se vitimiza e não se diz “roubada”. Malala quase morreu porque desejava estudar, mas foi em frente. Greta posa de vítima e não vai mais à escola porque, tolamente, pensa que já pode dar lições ao mundo.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Postado em diversos blogs.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

IDEOLOGIA: uma guerra política de sentidos


Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
A palavra Ideologia não surgiu espontaneamente na língua, ela foi criada, no século XVIII, por um pensador francês, Destutt du Tracy, que pretendia desenvolver uma ciência nova, a ciência das ideias. Este é o sentido original: saber, conhecimento, ciência sobre gênese e desenvolvimento das ideias.
A primeira grande mudança ocorreu quando das convulsões revolucionárias que se seguiram na Europa, incluindo as guerras e as ambições imperiais napoleônicas. Ora, os intelectuais responsáveis pelo programa da nova ciência eram fervorosos críticos destas ambições e foram desqualificados por Napoleão Bonaparte como falastrões incompetentes, inconsequentes, críticos de gabinete.
Karl Marx, não empenhado na Ciência das Ideias, mas na Ciência da Economia Política, aprofunda o conceito e o elege como categoria estratégica: modo que a consciência humana desenvolve para explicar os fenômenos oriundos das práticas sociais, de modo a fazer andar a vida, com segurança pelo menos aparente, sem rupturas da subjetividade. Ela incluiria teorias justificativas da exploração (patrões e aliados), teorias justificativas da luta pela liberdade (operários e aliados), ilusões, superstições, crenças, falsas consciências.
Ocorre que, dos escombros das experiências soviéticas leninistas, surge o neoczarismo stalinista a definir Ideologia apenas como o conjunto de ideias justificativas da exploração, portanto, só haveria ideologia burguesa. Os operários, os explorados em geral, empunhariam a crítica ideológica.
Hoje, sobretudo no Brasil, ouve-se de tudo, pois Ideologia virou babel de sentidos, destacando-se como adjetivo qualificativo pejorativo, a ser lançado na cara de quem apresente teorias, crenças, superstições, ilusões e falsificações de consciência distintas das minhas. É o outro que é sempre ideológico.
Precisamos revisitar o conceito de Ideologia, como categoria filosófica, de grande alcance psicossocial e político, pois é por meio de suas práticas que podemos superar a dor e o vazio das alienações. Ideologia, conjunto possível de explicações individuais, partilhadas por grupos sociais, que minimamente tornam compreensível as experiências do mundo e fazem a vida ser levada com menos angústia. Sem prejuízo da prática individual e coletiva da permanente crítica de todas as teorias e práticas.
(*) Professor titular de Saúde Coletiva e Reitor da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 10/2/19. p.17.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

COMEMORAR O MEDO



Por Mia Couto (*)
'Em terra de cego, quem tem um olho fica sem ele'.
'A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores'. (Mia Couto)
O medo foi um dos meus primeiros mestres.
Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas aprendi a temer monstros, fantasmas e demônios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem. Os anjos atuavam como uma espécie de agentes de segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinaram a temer os desconhecidos. Na realidade a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada, não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambiente que reconhecemos.
Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território. O medo foi afinal o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas. No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional. Os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência e um ateu barbudo com um nome alemão.
Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes à nossa porta, os ditos terroristas são hoje governantes respeitáveis e Carl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência. O preço dessa construção de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no poder alguns dos ditadores mais sanguinários de toda a história e, a mais grave dessa longa herança de intervenção externa, é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
A guerra fria esfriou, mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo a oriente e a ocidente e, por que se trata de entidades demoníacas, não bastam os seculares meios de governação, precisamos de intervenção com legitimidade divina. O que era ideologia passou a ser crença. O que era política tornou-se religião. O que era religião passou a ser estratégia de poder. Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: Para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentarmos as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania.
Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho poderia começar, por exemplo, pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e de outro lado, aprendemos a chamar de “eles”. Aos adversários políticos e militares juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade, imprevisível. Vivemos como cidadãos e como espécie em permanente situação de emergência. Como em qualquer outro estado de sítio as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.
Todas essas restrições servem para que não sejam feitas perguntas, como por exemplo estas:
(1)-Por que motivo a crise financeira não atingiu a indústria do armamento? (2)- Por que motivo se gastou, apenas no ano passado, um trilião e meio de dólares em armamento militar? (3)- Por que razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadafi? (4)- Por que motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça? Se queremos resolver e não apenas discutir a segurança mundial, teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que seja preciso o pretexto da guerra, essa arma chama-se fome!
Em pleno século XXI, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fracção muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo. Mencionarei ainda uma outra silenciada violência. Em todo o mundo uma em cada três mulheres, foi ou será, vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida. É verdade que sobre uma grande parte do nosso planeta pesa uma condenação antecipada pelo fato simples de serem mulheres. A nossa indignação porém é bem menor que o medo! Sem darmos conta fomos convertidos em soldados de um exército sem nome e, como militares sem farda, deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e discutir razões. As questões de ética são esquecidas, porque está provada a barbaridade dos outros e, porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência, nem de ética nem de legalidade.
É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha, a Grande Muralha, que foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente morreram mais chineses construindo a muralha do que vítimas das invasões que realmente aconteceram. Diz-se que alguns trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra, são uma metáfora do quanto o medo nos pode aprisionar. Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos mas não há hoje no mundo um muro que separe os que têm medo dos que não têm medo.
Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente. Citarei Eduardo Galeano acerca disto, que é o medo global, e dizer: Os que trabalham têm medo de perder o trabalho; os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho; quando não têm medo da fome têm medo da comida; os civis têm medo dos militares; os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras e, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe.
(*) Escritor moçambicano.
 

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