sábado, 23 de julho de 2011

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE

Tal expressão lembra-nos o conhecido provérbio do Velho Testamento (Êxodo, XXI, 24), sendo a lei de talião, dos romanos, e significa vingança igual à ofensa. O folclorista cearense Leonardo Mota, em seu trabalho de paremiologia (estudo dos provérbios, ou adágios) registra-o em Latim, Espanhol, Francês, e Italiano (Adagiário Brasileiro. Edições UFC/ J. Olympio, 1982).
Ocorreu-nos começar assim, pois soubemos que há algum tempo um pesquisador paulista vem fazendo o transplante de polpa dentária para olhos cegos por catarata, com 70% de sucesso!
A ficção cientifica tornou-se realidade como referimos aqui (Dr. Internet, 12/XI/2008), citando Júlio Verne (Vinte mil Léguas Submarinas, 1869; Os primeiros homens na lua, 1901), Herbert George Wells (A Máquina do Tempo, 1895), e Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo, 1932). Lembrem-se que este inglês (1849-1963) profetizou a fertilização “in vitro” de mamíferos (ovelha Dolly, 1977), e de Louise Brown, o primeiro bebê de profeta em 1978.
A estória/história dos transplantes de órgãos ou membros, remonta à Idade Média, aos populares santos Cosme (médico) e Damião, farmacêutico. Após sua morte fizeram milagres, como a ressecção da perna gangrenada de um recém-falecido e seu transplante num moribundo.
Modernamente os primeiros transplantes foram de pele (Jeques Revendin, Suíça, 1869), rins, (Boston, 1954) até culminarem com o primeiro transplante cardíaco 3/12/1967, pelo Dr. Christian Barnard.
Estas operações vêm revolucionando a Medicina. Para os desavisados, seria quase um desafio ao criador. Contudo Deus, nos criando à Sua semelhança, deixou cousas para concluirmos! Muitos tecidos orgânicos, quando lesados, podem autoreparar-se, menos quando da perda da “substância nigra” do cérebro, como acontece na doença de Parkinson; nesta e na doença de Alzheimer, e no diabetes, uma boa promessa, é o transplante de tecidos fetais.
Aliás, François-Marie Arouet, Voltaire (1694-1778), afirmou: “Le secret des arts / Est de corriger la nature”. A Medicina, ciência e arte, não podia refugir disto.
O transplante de polpa dentaria para curar (ou diminuir) a cegueira, aqui abordado, resultou de numerosíssimas pesquisas, com resultados positivos inequívocos. Como bem frisou o escritor Luiz Fernando Veríssimo – aludindo aos voos espaciais – são inúteis as pesquisas científicas sem aplicação prática imediatamente mensurável (Comédias da Vida Públicas. Ed. L&PM, Porto Alegre, 1994).
Como acontece nas universidades, nas teses de mestrado e doutorado, estudando até o sexo dos anjos, e o cio das borboletas.
(*) Médico e presidente da Academia Cearense de Letras
ph.saraivaleao@uol.com.br
Fonte: Jornal o Povo, 20.07.2011.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/07/20/noticiaopiniaojornal,2269279/olho-por-olho-dente-por-dente.shtml

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