domingo, 13 de maio de 2012

EM LOUVOR À MÃE

Por Luiz Carlos da Silva *

Há um ser sem par que nós amamos
Que sentimos em nós um coração a dois
As alegrias da vida em profusão
A repetir no peito o eco da ternura
Que sobre nós esparze o amor de mãe

Desde os vagidos primeiros da existência
O olhar, o doce olhar materno
Contempla-nos com o brilho da esperança
A derramar as bênçãos da bondade
Vendo no filho tenro, na criança amada

O sol que lhe ilumina a vida

Razão suprema de ser mãe feliz!

Mas, eis que no passar dos anos
Os dias de ventura, os sonhos do porvir
Cruzam os caminhos da dor e da tristeza
A mão que tantas vezes afagara o filho
Os lábios que beijaram o pequenino ser
A voz sussurra cantigas de ninar
Sente o amargor das primeiras desditas
Os espinhos da longa caminhada

A Mãe que exulta é a mesma que sofre
São duas faces da vida – a hipóstase eterna –
Perpetuando a dor, a angustia, o prazer
Entrelaçando a vida nos braços da morte

A grandeza do amor de todas as mães
É bem maior, mais forte que o Universo
Mais bela, até, que a própria Natureza.
Guarda no escrínio do seu coração
O segredo da vida nas gerações que passam

Mulher, mãe, ser quase divino
Parcela de Deus na criação dos mundos
Tens o poder de transmitir o amor
Num gesto amigo, num sorriso, apenas

No murmúrio da voz meiga e sublime
No afago das mãos feito caricias,
No rolar de uma lágrima furtiva
Espelha-se a imagem de uma santa
Que fez da terra um trono, um paraíso
E de si mesma, bipartindo as células,
Transfundindo o sangue de seu próprio sangue
Deu-nos o maior dos bens: A Vida

* Essa poesia de nosso pai, Luiz Carlos da Silva, feita em Fortaleza e datada de 7 de maio de 1971, certamente que dedicada à nossa avó Valdevina, foi encontrada há seis anos e lida em família, por ocasião do Dia das Mães, em 14 de maio de 2006. Ela foi publicada no livro “Dos Canaviais aos Tribunais: a vida de Luiz Carlos da Silva”.

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