sexta-feira, 18 de novembro de 2016

MANIQUEÍSMO


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Carlito Maia, já falecido, foi um intelectual extremamente ativo. Publicitário digno, defensor da justiça e da paz, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores disse certa vez: "Quando a esquerda começa a contar dinheiro, converte-se em direita". Por outro lado, sem também tomarmos como regra geral, poderíamos dizer que quando a direita deixa de contar dinheiro vira esquerda. Essas observações mostram a importância dos aspectos monetários na formação do pensamento e das atitudes, ao longo do tempo, de boa parte da humanidade. Estudiosos, cientistas e filósofos abordaram tal comportamento à luz de princípios políticos, éticos e morais. As duas frases mencionadas, apesar de aparentemente simplórias, concentram mensagens fortes no que diz respeito à conduta das pessoas. Lamentavelmente, nos dias atuais, a exacerbação do pragmatismo está ocupando espaço das opções ideológicas e institucionais, o que nos confunde e aumenta as dúvidas relacionadas com a existência e a verdade, analisadas por Jean Paul Sartre. Acreditamos serem as manifestações pragmáticas influenciadas pelo maniqueísmo direita e esquerda, pela ânsia de poder, pela falta de solidariedade, pelo individualismo e pela ausência de sentimentos espirituais. Por sua vez, o Estado existe não para ser opressor, tampouco de direita ou de esquerda, mas para assegurar os princípios básicos da democracia. Precisamos nos voltar para o conhecimento das verdades essenciais, objetivando alcançar os valores éticos indicadores de um mundo social baseado nos conceitos de justiça e de igualdade de oportunidades.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Publicado no Diário do Nordeste, Ideias. 7/2016.

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