Por Nélia Frota (*)
Irmã Lúcia diz que Deus escolheu crianças ignorantes porque opera ao
contrário dos homens, porque "Deus não vê como o homem vê"
Ano
de 1917. O mundo está em guerra. Este é um ano de batalhas sangrentas, do uso
de armas químicas, do tanque de guerra na frente de batalha. Ano da revolução
russa. Ah, quantos centenários!
Ano de 1917, aldeia de Aljustrel em Fátima, Portugal,
mais precisamente Cova da Iria, terra agreste, chão pedregoso, lugar inóspito.
Foi ali que o Senhor escolheu para manifestar sua misericórdia ao mundo.
Enquanto os homens, para vencer, preparam instrumentos de guerra, Deus prepara
instrumentos de paz. Mas quem escolheria este lugar? Quem iria até lá? Neste
ponto está uma reflexão que Fátima nos propõe: 100 anos depois, a terra seca se
transformou em um manancial de água viva onde a humanidade pode saciar sua
sede. Cem anos e esse lugar inóspito se tornou lugar de encontro com Deus pela
Virgem Maria.
O que dizer dos pastorinhos! Irmã Lúcia mesma diz que
Deus escolheu pobres crianças ignorantes porque ele opera ao contrário dos
homens, porque “Deus não vê como o homem vê, pois o homem olha a aparência e
Deus olha o coração” (1Sm 16,7).
O ano da aparição da Virgem (1917) não foi uma escolha
aleatória. Em meio ao caos, Fátima nos mostra que o protagonismo da história
pertence ao Deus trino que se faz presente por meio de Maria. É sobre esse pano
de fundo trágico da história que ressoam as palavras do Anjo aos pastorinhos:
“Eu sou o Anjo da Paz”. Que bela alternativa para tão triste situação ou seria
melhor dizer: que grande misericórdia de Deus que, em meio à carne dolorida do
mundo, marca sua presença de amor e misericórdia! Isto é Fátima para 1917 e
também para nós, neste mundo dolorido e doloroso em que vivemos. Fátima provoca
uma fissura nas paredes duras do mundo e ali coloca a presença de Deus, único remédio
para o mundo doente.
A chave de compreensão da mensagem de Fátima é o mistério
de Deus trino. Toda a sua espiritualidade parte da Trindade Santa e a ela
conduz. A adoração ocupa lugar central. Nos gestos e nas palavras do Anjo e de
Maria, Deus revela-se suscitando uma resposta generosa de adoração, do dom de
si mesmo e de reparação dos pastorinhos que chega até nós, 100 anos depois.
Neste centenário, exultantes pela subida aos altares de
Jacinta e Francisco sejamos cada vez mais devotos do Coração Imaculado de Maria
que triunfará, e rezemos o terço todos os dias. Rezemos juntos com a Virgem,
meditando com ela os mistérios da nossa salvação. A oração do terço, pedido por
ela, nos faz mergulhar em Deus.
Salve Maria!
(*) Formadora
bíblica.
Fonte: O Povo, de 13/5/2017.
Opinião. p.11.
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