sábado, 13 de maio de 2017

O centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima


Por Nélia Frota (*)

Irmã Lúcia diz que Deus escolheu crianças ignorantes porque opera ao contrário dos homens, porque "Deus não vê como o homem vê"

Ano de 1917. O mundo está em guerra. Este é um ano de batalhas sangrentas, do uso de armas químicas, do tanque de guerra na frente de batalha. Ano da revolução russa. Ah, quantos centenários!

Ano de 1917, aldeia de Aljustrel em Fátima, Portugal, mais precisamente Cova da Iria, terra agreste, chão pedregoso, lugar inóspito. Foi ali que o Senhor escolheu para manifestar sua misericórdia ao mundo. Enquanto os homens, para vencer, preparam instrumentos de guerra, Deus prepara instrumentos de paz. Mas quem escolheria este lugar? Quem iria até lá? Neste ponto está uma reflexão que Fátima nos propõe: 100 anos depois, a terra seca se transformou em um manancial de água viva onde a humanidade pode saciar sua sede. Cem anos e esse lugar inóspito se tornou lugar de encontro com Deus pela Virgem Maria.
O que dizer dos pastorinhos! Irmã Lúcia mesma diz que Deus escolheu pobres crianças ignorantes porque ele opera ao contrário dos homens, porque “Deus não vê como o homem vê, pois o homem olha a aparência e Deus olha o coração” (1Sm 16,7).
O ano da aparição da Virgem (1917) não foi uma escolha aleatória. Em meio ao caos, Fátima nos mostra que o protagonismo da história pertence ao Deus trino que se faz presente por meio de Maria. É sobre esse pano de fundo trágico da história que ressoam as palavras do Anjo aos pastorinhos: “Eu sou o Anjo da Paz”. Que bela alternativa para tão triste situação ou seria melhor dizer: que grande misericórdia de Deus que, em meio à carne dolorida do mundo, marca sua presença de amor e misericórdia! Isto é Fátima para 1917 e também para nós, neste mundo dolorido e doloroso em que vivemos. Fátima provoca uma fissura nas paredes duras do mundo e ali coloca a presença de Deus, único remédio para o mundo doente.
A chave de compreensão da mensagem de Fátima é o mistério de Deus trino. Toda a sua espiritualidade parte da Trindade Santa e a ela conduz. A adoração ocupa lugar central. Nos gestos e nas palavras do Anjo e de Maria, Deus revela-se suscitando uma resposta generosa de adoração, do dom de si mesmo e de reparação dos pastorinhos que chega até nós, 100 anos depois.
Neste centenário, exultantes pela subida aos altares de Jacinta e Francisco sejamos cada vez mais devotos do Coração Imaculado de Maria que triunfará, e rezemos o terço todos os dias. Rezemos juntos com a Virgem, meditando com ela os mistérios da nossa salvação. A oração do terço, pedido por ela, nos faz mergulhar em Deus.
Salve Maria!
(*) Formadora bíblica.
Fonte: O Povo, de 13/5/2017. Opinião. p.11.

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