Esta quase
quarentona sociedade (12/5/1978) encontra-se atualmente a braços com a
organização do seu XVII congresso anual. Aludidas reuniões bianuais vêm se
repetindo desde 1983, sempre versando temas de interesse médico, sobremaneira
da nossa população. Sendo o conhecimento do passado, a compreensão do presente
e a premonição do futuro exercícios constantes da mente, esses encontros
recordam procedimentos antigos, e auscultam o porvir, analisando os progressos
tecnológicos no diagnóstico e no tratamento de velhas e novas moléstias.
Embora algo
desatenta da necessidade de divulgação de seus eventos, cumpre ressaltar, desde
aquela época, algumas significativas intervenções suas na Medicina cearense.
Entre vários de seus mais relevantes cometimentos, destacam-se competentes abordagens,
por especialistas, das infecções, da tripanossomíase americana (doença de
Chagas), da esquistossomose mansônica e das epidemias de cólera entre nós.
Atenção especial amiúde despertaram as contribuições históricas de
especialidades como a Clínica Médica (base de todas), a Patologia, a
Microbiologia, a Imunologia, a Neurologia, a Otorrinolaringologia e a
Dermatologia. Como chamativo percentual de seus membros são professores,
responsáveis pela formação de novos facultativos, a Academia Cearense de Medicina
dedica singular cuidado ao Ensino Médico, neste valorizando as inalienáveis
implicações deontológicas (éticas) na prática profissional, e nas pesquisas.
Embora formadas por saldados defensores e propugnadores da vida, a morte é ali
um tema vivo, e dissecada em profundidade nos seus aspectos existenciais, e
particularmente tanatológicos.
Na bienal
promovida há dois anos, priorizou-se o estudo acurado das prescrições médicas,
da respectiva mas insuficiente e muita vez omissa vigilância sanitária, e da indiscriminada
mercantilização dos remédios no Brasil. Esse concorrido simpósio – coordenado
pelos acadêmicos drs. Iran Rabelo e Eduilton Girão, e prestigiado por
conferencistas de outros Estados – culminou com a redação de um documento
oficial (“Carta de Fortaleza”) acerca da real e pouco ortodoxa situação dos
produtos terapêuticos disponíveis no País.
Antenada em
preocupações da nossa comunidade, para maio vindouro, essa quadragésima
instituição programou sua XVII Bienal – a realizar-se no Hotel Sonata de
Iracema – motivada pela discussão das arboviroses no Brasil de hoje,
notadamente dengue, chikungunya e zika; tais são aquelas viroses transmitidas
por mosquitos.
A esperada
promoção será presidida pelo professor Manassés Claudino, coordenada pelo
professor Djacir Figueiredo, atual vice-presidente – daquele grêmio científico.
Homenagens especiais serão prestadas aos mestres Joaquim Eduardo Alencar e
Gilmário Mourão Teixeira, este nos seus pujantes 98 anos. Destarte, o colegiado
reverencia seus componentes, reverdecendo sua memória.
A conferência de
abertura será sobre “Arboviroses no Brasil” (dr. Eurico Arruda Neto, de São
Paulo) e as demais sessões terão como relatores os doutores infectologistas
Adriana Oliveira, de João Pessoa (Paraíba), e os cearenses Fernanda Araújo,
Márcia Medeiros, Luciano Pamplona, Ivo Castelo Branco, Anastácio Queiroz, André
Pessoa e Antônio Afonso Bezerra. Para maior brilho desse fórum, a alocução
(discurso) final, às 10h30min do dia 19 de maio próximo, será proferida pelo
eminente professor Jorge Kalil, da Universidade de São Paulo,
internacionalmente reconhecido como figura solar da Imunologia. Com tão
eruditos participantes fica, portanto, garantido o êxito do evento.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 19/04/2017.
Opinião, p.10.
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