terça-feira, 14 de novembro de 2017

A exceção confirma a regra. Mais Médicos?

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Notícia: Mais três novos cursos de medicina - agora são 256.
Dizem por aí que notícias nunca derrubam o mundo. O que derruba o mundo são os fatos. Vou falar do programa "mais médicos", que, pelo esquecimento midiático, parece ter acontecido nos tempos do Brasil colônia.
Assim mesmo, de quando em vez aparece uma apagada notícia como foi o caso do médico cubano que quer ou quis se casar com uma brasileira. Mas, de Medicina nada. Nem pioras nem melhoras. Mas vamos aos fatos.
Temos, cada vez mais, Escolas Médicas que formam mais pessoas do que o número de vagas para médicos recém-formados. Quanto à sua qualidade acadêmica, muito poucas delas podem ser acreditadas de mínima competência.
Mesmo assim, como o problema é de raiz (desde o início e qualidade do ensino primário, médio ou profissional, etc., etc.), não é necessário insistir na situação do ensino médico (para ficar na minha praia).
Tudo isto não impede de aparecer o fato da Saúde Mental, que acaba faltando, tanto no sentido ético como no moral aos jovens que são agredidos (quando não psiquicamente traumatizados), para poderem ser aceitos nas residências médicas para que obtenham alguns pontos a mais de vantagem para aprovação. Para isso, constrangidos são/foram ao passarem 12 longos meses em ambulatórios, onde falta de tudo, atendendo à população sem qualquer orientação. Imagine o nível do ensino nesses ambulatórios. Muito embora o salário seja integral e não enviado 70% para Cuba. Dinheiro não é tudo... para quem quer aprender.
Enquanto isso três novos cursos de Medicina (privados) foram reconhecidos em 03.07.15. Os valores das mensalidades desses cursos, por ordem crescente são: Faculdade UNIRG-UNIRG - Gurupi/TO R$ 3.014,55 - Faculdade São Leopoldo - Campinas R$11.706,15 (para pagamento em dia R$9.130,82). Bastaria ler o que diz o médico Bráulio Luna Filho, 61, presidente do Conselho de Medicina da São Paulo no artigo Ensino médico em crise, pacientes em risco (06.03.15): "Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30 participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições privadas, que cobram mensalidades entre R$ 6.000 e R$ 9.000, mas não oferecem em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser médico... dos formados nas escolas particulares. Houve um curso cujos alunos não ultrapassaram 13% de acertos". Quem desejar pode conferir: http://www.escolasmedicas.com.br/mensal.php
Concluo dizendo do perigo das transparências para os que desconhecem os fatos. Pensar que números significam saber e que não são facilmente manipuláveis.
Socorro-me de clichê, lugar comum e aproveito para escrever esta minha opinião, justo quando uma dessas três novas escolas (sem desmerecer e desconhecer as demais) é vinculada ao Hospital Israelita Albert Einstein, uma das melhores Instituições médicas do Continente.
Quando se junta verdade com mentira, fica muito difícil separar uma da outra. A exceção confirma a regra.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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