A política é mutável
ou dinâmica, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política
e a moral dentro de bases éticas que respeitem a liberdade, a democracia, a
estrutura legal e a justiça social. Vale lembrar Bacon: “Como é estranho
ambicionar o poder e perder a liberdade”. Alcançaremos a verdadeira governabilidade mediante o
atendimento das reais necessidades e carências do povo e não fazendo concessões
e acordos que possam prejudicá-lo, objetivando a manutenção do poder. A rigor,
é difícil imaginar soluções para os problemas de uma sociedade; enquanto as
pessoas não tiverem consciência crítica ela não evolui. Buscar um mandato
eletivo ou exercer uma atividade pública significa muita responsabilidade. Por
outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores
políticos, administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da
justiça e da liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a
vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. O
objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação
dos espaços de poder. O embate e os jogos dos contrários constituem a essência
dos sistemas democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem
como evitando-se emboscadas e conluios. É claro que a situação socioeconômica,
notadamente nos países emergentes, incluindo-se o Brasil, ainda é muito grave,
porém a desejada independência e harmonia dos poderes constituídos, a liberdade
de imprensa e a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, são pontos
básicos para a consolidação da democracia.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 20/10/2017.
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