quinta-feira, 16 de novembro de 2017

MAPA DA INTOLERÂNCIA (I)

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
No Modelo Intolerância de nossa sociabilidade atual distinguem-se três tipos mistos: a) desconhecimento, insatisfação e desesperança; b) racionalização de reacionarismo e cultura autoritária; e c) produção paradoxal de intenções democrático-progressistas.
Exemplos:
Escola sem Partido – O processo ensino/aprendizagem é atravessado por teorias, técnicas, ideologias e subjetividades. Somos seres humanos formando seres humanos e o que as democracias denegam é catequese, proselitismo, cooptação. Como se forma um cidadão crítico evitando sua exposição ao debate das visões de mundo que orientam nossas práticas sociais? Recusar conteúdos oriundos de ideias de Freire, Morin, Marx ou Paulo de Tarso e Inácio de Loyola é tirar do aluno ferramentas problematizadoras. Havendo distorção, debatam-se na Escola os alcances e limites.
Censura à Arte – A experiência da nudez é tão antiga como a de vestir, para proteger os genitais de dentes e espinhos. Civilização que foque na liberdade tende a expor o corpo, o que gera senso estético, no geral, dessexualizador. Civilização que foque na repressão das espontaneidades tende a camuflar o corpo, acentuando, perversamente, a relação entre nudez e sexualidade. Vide a estatuária grega mutilada pelo Cristianismo ou pelos Otomanos. O menino que tome banho nu, com os pais nus, não se importará com a nudez de estátua ou pessoa, mas, a proibida da experiência, sim.
Cura Gay – Hétero, bi e homo são expressões da complexa e diversa sexualidade humana, somente vividas dolorosamente se entram em jogo repressão, humilhação, opressão. Qualquer uma pode resultar de constrangimento e levar a sofrimento. Também pode resultar de tendências familiares, sociais e culturais assumidas serenamente. A maior parte de nossa sexualidade é probabilística, em elo com potências genéticas, morfológicas, fisiológicas e psicossociais. Assim, mais de 95% das vivências de nossa sexualidade expressam descobertas e construções, não cabendo a rubrica de doença e intervenções curativas.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 31/10/17. p.10.

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