quarta-feira, 29 de novembro de 2017

MAPA DA INTOLERÂNCIA (2)

Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
No Modelo Intolerância de nossa sociabilidade atual distinguem-se três tipos mistos: a) desconhecimento, insatisfação e desesperança; b) racionalização de reacionarismo e cultura autoritária; e c) produção paradoxal de intenções democrático-progressistas. Outros exemplos, em continuidade a artigo anterior:
Expulsão para Punir Comportamento – Em qualquer população os epidemiólogos esperam em torno de 2% de doenças mentais graves, de identificação mais clara, e em torno de 20% de transtornos mentais difusos, de cautelosa abordagem. Se uma mulher é agredida por um homem e o ato é logo identificado como machismo, um tipo ideal negativo, este será condenado, sem esforço de compreensão psicossocial do problema. Movimentos presenciais e eletrônicos se orientam para o anátema medieval do suposto pecador/criminoso, com ameaça de lapidação e demanda de expulsão sumária, sem o necessário exercício dos processos democráticos. A defesa do meu direito é impulsiva e narcísica, não contrabalançada pelo exercício do dever e da tensão direito/dever do outro.
A Morte e a Morte do Reitor Cancellier – A justiça como espetáculo, sem o pão da prova e muito circo de condenação prévia, por suspeita. A justiça de justiceiros, açulada pela denúncia de interessados e interesseiros, refém da luta interna dos micropoderes institucionais e até das vinganças medíocres de vizinhos, como nas ditaduras militares. A justiça ideologicamente partidarizada, que chega mais do que à não justiça (in-justiça), chega à contra justiça (antijustiça). Um processo de análise de convênio de gestão anterior à do reitor Cancellier, aparentemente referente a período anterior ao da criação da UAB, foram invocados para a prisão preventiva, a execração pública e a humilhação de um homem digno. Ele não resistiu. A mais sutil das torturas, a moral, não deixa uma unha arrancada, um edema de choque elétrico, apenas um corpo morto no saguão de granito ou mármore de um shopping center. Os gestores públicos brasileiros estão sob risco.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado. In: O Povo, Opinião, de 7/11/17. p.12.

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