sábado, 14 de julho de 2018

NOTA PÚBLICA:“O Evangelho segundo Jesus, rainha dos céus”


Nota pública de Dom Paulo Jackson, Bispo da Diocese de Garanhuns, acerca da peça teatral “O Evangelho segundo Jesus, rainha dos céus”
1. Nesses dois últimos dias, a cidade de Garanhuns foi tomada por uma discussão em torno de uma peça teatral que está na programação do Festival de Inverno de Garanhuns 2018.
Trata-se da peça "O Evangelho segundo Jesus, rainha dos céus" (IIE GOSFI according to Jesus, queen of heaven) escrita pela atriz transexual escocesa Jo ClifTord; dirigida, no Brasil, por Natália Mallo; e encenada pela atriz transexual Renata Carvalho.
2. Estão em jogo dois grandes valores presentes na Constituição Federal da República do Brasil: l) a liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, conteúdo do Art. 50, IX; 2) e a inviolabilidade da fé e da crença, estabelecida no mesmo artigo quinto, inciso VI, e ratificada no Código Penal Art. 208, quando trata dos crimes contra o sentimento e contra o desrespeito aos mortos. O Art. 208, do Código Penal, normatiza claramente o crime de vilipêndio público às religiões e especificamente contra um ato religioso. Isso acontece, na peça, em relação à imagem de Jesus Cristo e à Eucaristia. Compreendemos que a liberdade de expressão artística não pode ferir o sentimento religioso e a identidade cristã de uma inteira população.
3. O título da peça apresenta dois evidentes equívocos, que nem a liberdade artística poderia permitir:
1) o Evangelho nunca é "segundo" Jesus, pois Jesus mesmo é o Evangelho e o mensageiro dessa boa e esperançosa noticia a humanidade;
2) apresentar Jesus como rainha dos céus. Ora, Jesus era homem. Em nenhuma fonte bíblica ou historiográfica jamais se ousou apresentá-lo como mulher, e muito menos como transexual. Não seria razoável, por exemplo, apresentar a rainha Cleópatra como homem, vivendo um caso homossexual com Júlio César ou Marco Antônio. A pergunta que se deve fazer é: até onde a arte tem a liberdade para ressignificar papéis? Escrever palavrões em hóstias é arte? Está ressignificando alguma coisa? Um homem nu que rala uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com um ralo de cozinha e recolhe os fragmentos numa gamela, isso é arte? O que estaria ressignificando? O que seria razoável para a arte na tarefa da ressignificação e, ao mesmo tempo, no respeito às pessoas e às suas sensibilidades?
4. Creio que tanto o Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, quanto o Governo Municipal de Garanhuns perdem a oportunidade de impostar a discussão sobre outra perspectiva. O nosso país é o que mais mata homossexuais, travestis e transexuais no mundo. Ao mesmo tempo, é o país que mais consome sexo e pornografia. O Município de Garanhuns está entre os campeões no quesito "violência contra a mulher". A nossa terra é uma terra que covardemente mata mulheres. O que o Governo Estadual e o Governo Municipal podem fazer pra amenizar e, em médio e longo prazos, resolver essa triste realidade? Trazer peça teatral que fere a sensibilidade das pessoas simples da nossa terra? É isso que vocês podem fazer? É respeitoso pra com a Cidade de Garanhuns o discurso do Secretário de Cultura? Isso constrói uma cultura de paz e diálogo? E respeitoso o modo como a Fundarpe trata a preparação do Festival de Inverno e o diálogo com as instituições parceiras, inclusive com a Diocese de Garanhuns por meio da Paróquia da Catedral, onde o Palco de Música Clássica Instrumental?
5. Lamentamos também profundamente que essa discussão possa ser utilizada para fins eleitoreiros. Já basta! O conflito entre o Governo Estadual e o Governo Municipal de Garanhuns, e vice-versa, só vem diminuindo a nossa terra, só tem nos prejudicado, só tem inviabilizado investimentos e a resolução dos graves problemas do nosso povo que tanto sofre. É hora de serem estadistas! Olhem para o nosso povo sofrido, humilhado, vivendo uma das piores crises sociais, econômicas e éticas de todas as épocas. Não olhem para as situações com os mesquinhos de uma sigla partidária e de uma campanha eleitoral. E vou até adiante: é a hora de pensar Garanhuns. E razoável, por exemplo, que uma cidade de 140 mil habitantes não tenha um Deputado Estadual e um Deputado Federal? É hora de pensar o Município de Garanhuns e as redondezas. Paramos no tempo. Temos perdido oportunidades.
6. Por tudo isso, não concordamos de nenhum modo que a peça seja apresentada em Garanhuns no Festival de Inverno. Não é disso que necessitamos. Ao mesmo tempo, já afirmo: não entraremos em nenhuma frente para impedir que a peça seja apresentada. Se for, Senhor Governador, o senhor está ferindo profundamente a nossa gente. Duas únicas coisas, eu posso fazer como bispo da Diocese de Garanhuns: conclamar o povo católico a não tomar parte nesse acinte e proibir que a Igreja Catedral seja utilizada como um dos palcos do Festival de Inverno 2018.
7. Que o Espírito Santo de Deus nos ilumine para encontrarmos soluções dialogadas e que gerem verdadeiramente uma cultura de paz.
Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza
Bispo da Diocese de Garanhuns
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones).

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