terça-feira, 30 de outubro de 2018

O PECADO DA OMISSÃO


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Omissão é deixar de fazer ou dizer alguma coisa. Também pode ser entendido como deixar de lado, desprezar ou esquecer algo ou alguém. É o não-agir, quando se esperaria uma ação positiva.
"A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo; e pecado que nunca é má obra, e algumas vezes pode ser obra boa, ainda os muito escrupulosos vivem muito arriscados em este pecado… poderoso pelo que se fez, se hão de condenar muitos, pelo que não fizeram, todos”. Parafraseei descaradamente o padre Antônio Vieira (1608-1697), Sermão da Primeira Dominga do Advento.
Não importa se temos quatro ex-presidentes em investigação judicial-criminal (José Sarney, Fernando Collor, Luiz Inácio e Dilma Rousseff), além de um ex-candidato à Presidência da República, o Senador Aécio Neves e o presidente em exercício Presidente Michel Temer.
Todos estão sendo investigados.
Os motivos não importam. Sejam eles frutos dos avanços tecnológicos, facilidade do cruzamento de dados ou dos mecanismos da Justiça, denúncias, delações, estardalhaços, fofocas midiáticas (profissionais ou sociais), ou algo que se creia transcendente do por que estamos em — Crise.
O desemprego é grande. As diferenças sociais cada vez mais à vista. As coisas permanecem como sempre foram e ouvem-se miríades de tralalás. O que importa se a denominada [crise] seja de causa política, econômica, moral, ética, ou de qualquer outra natureza, ela é ocorrência, é fato.
Para proteger a democracia e para que um cidadão, como eu, possa retomar o controle do meu/vosso/nosso destino as referências acordadas na Constituição vigorante precisam servir de âncora. Não como amarras imobilizantes, mas sim como um símbolo de firmeza, força, tranquilidade, esperança e fidelidade ao Brasil.
A Constituição é o fator que garante o equilíbrio do nosso Ser Nacional, ou seja, aquele que, em meio às crises, é capaz de manter a estabilidade da Nação; o que significa que até um Presidente poderá perder o seu mandato, se a infringir. Não se pode dela escapar, tergiversar, desembarcar em tempos difíceis e tormentosos. A Constituição de 1988 tem de ser acatada neste momento. Passado o tormento, ela poderá ser atualizada, modificada, caso necessário.  E não desejando cometer o pecado de citar fatos sem provas, lembraria o dito de um político do passado que considero infeliz:
A constituição é como as virgens. Foi feita para ser violada”. Segundo escreve o Jornal do Brasil, edição do dia 17.04.63, em frase atribuída ao presidente e ditador Getúlio Vargas (1883-1954).
Aviso: Não estamos mais nesses tempos. Agora não existe mais espaço, clima, ambiente para cometer o pecado da omissão. Por tudo que é mais sagrado: respeitem a Constituição. Costumo repetir às pessoas com que converso o velho e cansado aforismo:
Quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve. Não queiram dela se afastar. Ela é a regra.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.

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