terça-feira, 3 de setembro de 2019

ASPIRINA


Por Weiber Xavier (*)
Milhões de pessoas usam aspirina (AAS) na esperança de melhorar a saúde. Aproximadamente um em cada cinco americanos adultos usam aspirina. A Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos concluiu que baseado em dados recentes não há evidência de recomendação no uso de aspirina como prevenção primária em pessoas que não tiveram infarto do miocárdio, doença vascular cerebral ou sintomas de doença cardiovascular.
O estudo Ascend - A Study of Cardiovascular Events in Diabetes, incluiu mais de 15.000 pacientes com diabetes sem doença cardíaca evidente. Os resultados indicam que 100mg de aspirina diária reduziram significativamente os riscos de eventos vasculares graves em 12%, mas aumentaram os riscos de sangramento maior em 29%. No entanto, o uso de aspirina não teve efeito na mortalidade geral nem aumentou o risco de sangramento fatal. Os achados também não revelaram efeitos na taxa de câncer gastrointestinal.
O estudo Arrive - The Aspirin to Reduce Risk of Initial Vascular Events, incluiu 12.500 adultos com risco presumido moderado para doença cardíaca, porém, sem nenhuma evidência de doença cardíaca. Os resultados indicaram que uma dose diária de aspirina (100mg) não reduziu os riscos a longo prazo de eventos cardiovasculares ou cerebrovasculares ou risco de doença vascular cerebral (AVC). Embora o uso diário de aspirina foi associado com maior sangramento gastrointestinal, tais efeitos foram poucos (inferior a 1%). Assim, como no estudo Ascend, a aspirina não afetou a mortalidade geral nem aumentou o risco de incidentes com sangramento fatal.
Os resultados dos estudos acima desafiam a prática comum de se utilizar a aspirina diária em certos pacientes de risco. Hoje, especialistas reavaliam o papel deste medicamento como estratégia de prevenção de doença cardiovascular e enfatizam outras estratégias para reduzir esse risco como manter o peso ideal, exercício físico, controle da pressão arterial e parar o uso de nicotina.
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/08/2019. Opinião. p.20.

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