Por Márcia Alcântara Holanda (*)
Apresentei aqui um acompanhamento
médico à distância, via WhatsApp, para controle da asma (Da cadeira ao WhatsApp
- O POVO 08/04/2019). Imagine agora que você adoeceu com tosse, dor no peito,
febre e dificuldade de respirar. Liga seu celular, toca no aplicativo
"Alexa Medicina", a assistente digital da Amazon, do ramo da saúde, e
a chama pela voz. Ela surgirá, cumprimentar-lhe-á perguntando, em que pode lhe
ajudar. Você se identifica, dá sua biometria e fala o que sente. Ela pede que
exiba seu tórax para a câmera do celular e que toque na tela com a digital do
indicador. Pronto: Ela sistematizará os sintomas, imagens, saturação do
oxigênio no sangue, e em segundos responderá: - Você tem pneumonia, sua
respiração está 10% mais acelerada, a temperatura é de 38.9º e a saturação da
hemoglobina é normal.
Alexa hoje é a maior assessora da
soberana Clínica Médica. Ela já faz parte do atendimento a usuários do Sistema
Nacional de Saúde da Inglaterra e da China. É considerada importantíssima para
a Atenção Primária, pois diagnostica a maioria das doenças das pessoas nos
primeiros atendimentos, e as orienta sobre que conduta tomar.
Realidade a parte, imagine agora,
que as triagens das emergências e atendimentos à distância, do nosso Brasil,
fossem feitos pela Alexa. Provavelmente os custos e as filas se reduziriam. Os
deslocamentos longínquos, também.
É grande a segurança dos dados
dela, pela exatidão e manejo, originários de pesquisas devidamente construídas
pela ciência, lançadas em bancos de dados, cujo sistema de Inteligência
Artificial dos computadores processam. A máquina então estrutura os pensamentos
e comportamentos humanos adequados a fatos médicos, como o citado.
De Hipócrates a Laenec, passando
por Osler, pais da Medicina Clínica, os sintomas e sinais continuam soberanos
mesmo pela Alexa. Portanto essa é uma evolução médica, que promete respeito à
soberania clínica, no atendimento imediato e seguro, porque é aliada ao saber
humano. Resta-nos aceitar com parcimônia nessa evolução tecnológica e dela
fazermos bom uso.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/09/2019. Opinião.
p.22.
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