Ande, Tonha!!!
"A pedra filosofal atirada de uma baladeira
sábia, independente de que parte da cabeça do homem acerte, transforma-o em um
ser genial" (Procópio Straus)
O velho Antônio Crente na casa de minha mãe, na visita mensal
costumeira. Da praia (morador do Cauípe) traz farinha e coco seco para dona
Terezinha. Em retribuição, mãe presenteia-lhe com pão e café em pó. Abençoada
troca que tem já 50 anos. Abancado, a visita inicia a prosa simpática com os
compadres, dirigindo-se a papai.
- Cuma-lhe vai, seu Zé?
- Um pôldo, Antonho! E tu, macho?
- Levando...
- Homi! Se pra mim que tô botando o negócio tá ruim,
imagina pra tu, que tá levando!
O filho de pescador direciona o bodejado à mãe, terminando umas
tapiocas.
- E a senhora, dona
Terezinha?
-
Tô bem dizer boazinha do estalicido. E tu?
- Feliz! Minha caçula, a
Jarina, vai fazer vestibular pra "almedicina".
- E
ela passa, cumpade Antonho?
- Se Deus quiser e Nossa
Senhora defenda!!!
A propósito do estalicido (macacoa que tá mais pro resfriado que
pro 'difruço' - sinusite) de mãe, Dr. Antônio Crente mostra expertise ao
diagnosticar:
- Dona Terezinha, uma
gripe, se senhora tomar remédio, fica boa numa semana. Mas, se não tomar nada,
fica bom em sete dias...
Tomates pequenos miúdos
Dr. Chico Barreto, apreciador dessa espécie de tomate menor e mais
doce - tomate cereja, decidiu juntar uma xícara de sementes e plantar nas
terras férteis de sua fazenda na Pedra Branca. Pediu ao caseiro Pé de Rolinha
que fizesse um cercadinho atrás de casa, e lá fizesse nascer uns 5 ou seis pés.
Dando aquele recado.
- Ó, é ligerim que eles
nascem!
Super ocupado na cidade, Chico demorou seis meses pra tornar à
fazenda. Lá chegando, vexado pergunta pelos pés de tomate cereja ao morador.
- Marminino, dotô! Arranquei tudim! E fiz uma coivara
grande demais!
- O que, Pé de Rolinha? Tu
arrancou e queimou os pés de tomate cereja que eu pedi pra plantar?
- E foi ligêro, dotô!!!
- Por que diabo tu fez
isso, macho?!?
- Porque nasceram foi uns bichim véi bem muidim! Tudo
incruado!!! Nããã!!!
O motorista Januário
Era já uma rotina ele levar gente doente pra Fortaleza e trazê-la
de volta a São José dos Gatos. Nos últimos dias, testemunhou a complicação que
foi convencer dona Lalá a deixar o marido Erialdo (em cadeira de rodas) vir à
capital se tratar, transportado na ambulância da prefeitura, dirigida pelo
Januário. "Deixo ele ir não!
Chega lá com uma doença e sai com dez! Deus me livre de perder Erialdo!",
justificava a mulher.
Filhos e filhas debalde tentarem demover a mãe do argumento. Coube
a Januário a hercúlea tarefa, bem-sucedida, diga-se. O que disse pra dona Lalá
liberar o marido?
- Homi, leve o doente
enquanto ele tá sentado!!!
Fonte: O POVO, de 2/9/2018.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.
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