Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Abro minhas participações
comentando o momento vivido no Brasil, quando a onda da intolerância grassa por
todos os lados tornando difícil ver alguém defendendo uma causa com debates,
argumentando e analisando os contra-argumentos, avançando e recuando. Não.
Hoje, um ponto de vista diferente é logo atacado. Se o meu "inimigo"
diz ou faz alguma coisa, eu o xingo e desmereço o feito ou o dito. Afinal, se é
bom, alguma má intenção carrega...
Esse comportamento me traz
desconforto, pois, como tenho amigos queridos dos "dois lados", ao
tentar discutir algo de forma objetiva, em vários momentos percebo não haver
coro à minha voz simplesmente porque não interessa o fato, mas o personagem.
Uns, para condenar e outros para defender o personagem. O fato é irrelevante.
Começo, pois, pelo Reino da
Tolerância. Um lugar em que eu posso concordar ou discordar de alguém,
criticando um fato, sem que importe antes quem é o personagem. Assim, meus
"heróis" podem cometer erros e os meus "bandidos", acertos.
O importante é analisar se o resultado é positivo.
E vale lembrar que fomos nós que
criamos uma classe política - desculpem-me os bons - que se encastelou em
muitas benesses e se apossou da riqueza nacional via corrupção, esquecendo o
seu objetivo nobre de dar voz ao povo. Daí se permitiu que o Judiciário
passasse também a alargar suas interferências a ponto de termos, hoje, um
Supremo Tribunal Federal tão atacado, muitas vezes de forma desrespeitosa. E o
clima de beligerância é hoje alimentado por todos.
O Reino da Tolerância, leitor,
virá quando eu e você pararmos para refletir sobre o que estamos fazendo para
que esse estado de coisas mude... ou se agrave. Se eu e você formos mais
tolerantes com o outro e analisarmos e assim debatermos os fatos sem o ranço da
intolerância, mas procurando tirar deles o que na verdade representam de
positivo ou negativo, começaremos a mudança que o Brasil precisa. Primeiro, a
de costumes. Depois, a do desenvolvimento sustentável.
Vamos começar uma jornada
propositiva de coisas que gerem esse efeito? Ideias serão todas sempre muito
bem-vindas para voltarmos ao tema.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 2/2/20. p.20.
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