sexta-feira, 31 de março de 2023

Crônica: “Será que esse aí gosta de tomar banho?” ... e outros causos

Será que esse aí gosta de tomar banho?

Necessários 95 anos pra seu Zé Duarte entender o significado de célebre pensamento de Zé Maria Crocodilo: "Banho não resolve!" É que, defende ele de consciência limpa, "passar uma água no corpo, como manda a etiqueta", em nada muda a performance do Ferrim no Campeonato, tampouco a "mouquice que me azóga o juízo", as contas que de luz, telefone e água que chegam às rumas, a zoada de lambretas "açulerando" na rua, a praga de muriçoca que assola São Gerardo, o desejo de ir mercado São Sebastião sem um "conto de réis" no bolso.

- Se isso prestasse, eu já tinha achado o botão do meu pijama, perdido há mais de ano!

Oito dias sem uma assepsia de vergonha e a filha - Maria de Jesus, antes de "justar" consulta com o geriatra para a boa conversa acerca das vantagens de um bom banho diário (ao menos um banhozinho tcheco), apela pro alto, alto de verdade:

- Na minha mente, pai, esses urubus rondando os céus aqui de casa é sinal de que...

- ... falta quem abarque um tiro neles! Carregue minha lazarina!

Devidamente orientado, o esculápio fará estratégicas investidas de convencimento, defendendo o banho como providência terapêutica vital pra tudo no mundo, "água é bom, inclusive, pra remédio fazer efeito mais ligeiro". Mas, seu Zé...

- Já tomo essas piula, dotô, com quase uma quartinha!

- Certo, certo. Já lhe contaram que banho é uma beleza pra pele?

- De quem? Da senhora sua mãe? Onde é que tá escrito?

Insistentemente paciente, o especialista em doenças típicas da terceira idade dá cartada derradeira - na base do tudo ou nada, nada mesmo:

- Pois então vamos praticar natação, querido amigo!

- Cuma?!? Se nem lagoa tem por aqui, meu dotô!

Em cima do muro

Sabe aquela criatura que nem é isso, nem aquilo? Nem fede, nem cheira? Nem caga nem desocupa a moita? Nem Ford nem sai de Simca? Nem é nem deixa de é? Desse naipe é Raimundo de Mané Chico, acerca de quem perguntamos à prima dele, Silvinha Manduca, se cabia chamá-lo de pessoa "altamente marrumeno". Do alto da proficiência, respondeu ela que sim.

- Lógico! Uma galinha!

- Galinha?!?

- Sim, nem é carne, nem é peixe!

Ô macho azalado!

O comércio dele é no Araturi, especialista em ovos caipira, limpeza de vírus em computador, lixa número 1, querosene e bola Rivelino. É Zezinho Duvige, que uma vez mais nos pede uma força para, nas páginas de O POVO, sensibilizemos o ladrão que dia desses levou seu Samsung zero bala, subtraído da mochila no ônibus da linha Aeroporto/Siqueira. Mandou texto já pronto para publicação, que reproduzo sensibilizado.

- "O verdadeiro dono do aparelho que o gatuno cidadão tem em mão (eu) pede a devolução, senão do aparelho, ao menos do número da milhar do jogo do bicho que tá escrito no bloco de notas, o endereço dum caba acolá que me deve mil reais e o nome do remédio pra matar escorpião que Dr. Assis me receitou. Pode ser ou tá difícil?"

A frase do mês

- O maior sinal de que você está perdendo a audição é quando fica mouco. (Jair Moraes)

Fala, cearense!

O significado da expressão "menino feito de meia"? Assim: a mulher casada com um sujeito estéril findou engravidando... do amante! Nasceu o pivete. Pro povo da rua, que nada sabia da impossibilidade geracional, tudo certo. Mas, pro marido convencido, o fenômeno tinha nome:

- É menino feito de meia!

Fonte: O POVO, de 10/03/2023. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


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