quinta-feira, 30 de maio de 2024

BONECAS, TANTAS PARA VER E BRINCAR

Por Célia Perdigão (*)

Ali, nas cercanias do Campus do Pici, ao invés dos Zepelins do tempo da segunda guerra mundial, aterrissaram dezenas de bonecas. Juntas, constituíram um museu comunitário, chancelado pelas instituições oficiais. E o que ele nos apresenta?

Lá na rua Deputado Joel Marques, uma singela e florida fachada nos convida a entrar. De pronto, a sala do fazer, toda adornada com estampados tecidos multicor, aviamentos e uma máquina de costura daquelas de suscitar doces lembranças. Várias bonecas de tamanhos variados, suspensas, nos cumprimentam. Como são belas!

No cômodo a seguir, duas outras personagens mostram, em um painel, a importante missão do museu. Na lateral, uma integrante de grande impacto. Sem os sentidos regulares, sua fisionomia nos incita a múltiplas reflexões. E se...

Em sequência, o grande salão. Isoladas ou agrupadas por alguma similaridade, lá estão quilombolas, brancas, originárias, pretas, portadoras de deficiência física e até estrangeiras.

Lampião e Maria Bonita, palhaços, Emília e ciganas marcam presença.

Entre os mamulengos e dedoches, alguns despertam especial atenção. A vovozinha, o lobo mau e a Chapeuzinho Vermelho integram uma única peça. Só questão de movimento. A menina que nasce de uma flor na mesma toada. Delicadeza de metamorfose.

Outros há que ocupam o pódio. A Metanki mágica, eslava, que protege as famílias e quando se desmancha atende pedidos. Duas Abayomi, pretas, sem linha nem agulha. Acredite, apenas nós. A turma do meio ambiente com os entes da floresta. Presença essencial nos tempos que sobrevivemos. Para concluir, a turma do Bumba meu Boi com estandarte e tudo. Muita cor, brilho e beleza. Estão dançando de verdade?

Agora a sala das oficinas e brincadeiras. Uma gigante vovó nos aguarda com dois baús cheios de surpresas. Quantas possibilidades! Tudo sob o olhar atento de peças de famosos escritores e até uma pequena boneca compenetrada em sua gravidez.

Valeu, Professora Liduína. Seu sonho solitário é um motor possante, gerador de magia, sonhos, memórias e belezas. Avante....

(*) Arquiteta. Especialista em história e conservação de monumentos antigos na França.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/05/24. Opinião, p.18.

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