Por
Fernando Barroso (*)
Quanto vale um médico no mercado atual?
Fico lembrando de uma música do Caetano cantada
exemplarmente pela a voz inconfundível de Elza Soares que diz "a carne
mais barata do mercado é a carne negra" e com licença poética e parodiando
o genial poeta, "a carne mais barata do mercado é a carne médica".
Estão volumosamente em todos os lugares e pululam em todas as esquinas
instagramaveis, socializadas nas redes X ou não.
A onde perdemos o bonde dessa história? Não
seria a saúde o maior bem dos seres humanos? O assunto mais debatido em todos
os palanques eleitorais? E prontamente esquecido após o fim da eleição e é sem
dúvida a primeira a perder na divisão de verbas e investimentos deste país,
pois se verdade não fosse, não teríamos inúmeras filas para uma simples
cirurgia de vesícula biliar.
Profissão nobilíssima, desde a Grécia
antiga, quando o médico era uma das principais autoridades para Reis e
monarcas, pois os faziam permanecer vivos. Hoje não estamos mais nas grandes
mesas de decisões sobre a saúde, esta coitada, agora é comandada por grupo de
investidores que só visam lucro, e estão certos, porque negócio bom tem que dar
lucro mesmo! Só que existe um grande equívoco aí, pois saúde não é negócio e as
decisões relativas a mesma não podem ser tomadas por quem não pratica a
medicina.
Levantemo-nos! Acordemos todos os médicos
vocacionados e discípulos de Hipócrates!
Não podemos mais deixar a saúde ser
vilipendiada, pois na realidade perdemos todos: pacientes, médicos e os
senhores donos do poder, que nem sempre vão conseguir se tratar em
Cleveland, pois o inesperado pode causar uma surpresa.
Medicina deve ser assunto de médicos,
pacientes e do poder público, prioritariamente. Não sou contra a medicina
privada, mas antes dela, precisamos de uma medicina acessível decente e que
nenhum paciente morra nas filas ou portas de hospitais a espera de um
atendimento minimamente decente.
Acordemos! O Falcão da realidade ronda
todos os arranhas céus do Brasil! Urge uma revisão urgente desse modelo de
saúde, das escolas médicas e da política de saúde desse país.
(*)
Professor da UFC e chefe da
Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Universitário Walter
Cantídio.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/9/2024. Opinião. p.18.
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