terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A NOVA ONDA DE LIBERDADE

Antero Coelho Neto (*)
Continuando o tema fundamental de meu último artigo neste jornal, destaco a necessidade que temos de mudar a valorização dos nossos condicionantes políticos. E, como acontece todos os anos, nos meses de novembro e dezembro, costumo fazer uma análise da minha vida e de nosso país.
Tenho já dito para vocês, em vários de meus artigos, que uma das maiores dimensões da vida é a memória. Temos de guardar os acontecimentos, fatos, situações, sentimentos etc., em documentos, escritos, fotos, pinturas, gravações, vídeos, DVD´s, HDs etc., para configurar e demonstrar que existiram. Até mesmo guardando nas nuvens, está o avanço tecnológico da computação oferecendo esta possibilidade. Caso contrário, eles continuam a existir na nossa própria memória que, com o aumento da idade, vão sendo esquecidos. Daí, a enorme importância das bibliotecas, museus, centros de informações e dos órgãos de comunicação em geral, que guardam e publicam seus dados.
Há poucos dias, revendo meus artigos e documentos escritos em 1982, quando iniciei a escrever neste jornal, encontrei várias declarações da situação do Brasil, falando da nossa inquietação política, das dúvidas, da situação do país e, destacando, principalmente, a nossa falta de liberdade. Num artigo, escrito com palavras simples, dizia:
“O clamor do despertar, assola a nação. Liberdade de ser, democracia de estar, na imaginação do homem ao amanhecer. Para onde vamos agora? Quais os rumos traçados por ai afora? Os exemplos passados explicam essa inquietação. Quem somos que não tivemos a força devida, no momento preciso, quando toda a dúvida, iniciou tudo confuso? Que seremos nós, se não seguirmos essa ideia de começar nova onda de despertar, a liberdade da comunidade?”
Em outro: “O slogan repetido mundialmente, Saúde para Todos no Ano 2000, e originário da Conferência Internacional de Alma-Alta, será, provavelmente, uma grande falácia em nosso país. Mais uma vez, como já aconteceu antes, iremos desmoralizar o slogan”.
E, em mais um: “Fala-se, novamente que o ministério da Educação prepara uma modificação da estrutura administrativa da educação brasileira e isto me preocupa. Não que mudanças devam causar-me medo. Mudar é a própria essência de uma sociedade dinâmica. Tem de mudar. Mas fico preocupado, fundamentalmente, pela época, circunstâncias pelas quais essas modificações estão sendo preconizadas e pela própria essência delas.”
Com o passar dos anos e vivendo experiência de muitos outros países, como representante da OPS/OMS para educação e promoção da saúde, e com a prática desses anos passados, fica a angustiante certeza de que estamos ainda mais carentes de uma educação e uma saúde dignas e merecidas para os brasileiros, como já aconteceu em vários outros países do mundo.
Necessitamos, mais uma vez, de uma nova “liberdade” para poder pensar, escolher o mais adequado, responder à onda de deficiências, violências, anular o vício da corrupção, melhorar as classes sociais, na tentativa de conseguir a nossa saúde e educação, princípios fundamentais da vida humana.
E, ao concluir, lembro também o que tenho escrito em outras oportunidades: O universo tem nos ensinado o valor do equilíbrio, o valor do centro, nem para a direita e nem para a esquerda.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: O Povo, Opinião, de 30/11/2014. p.13.

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