domingo, 27 de maio de 2018

FRANCISCO, A MISERICÓRDIA EM ATITUDES

Por Pe. Eugênio Pacelli (*)
Há cinco anos, a fumaça da chaminé anunciava no Vaticano um papa que veio do “fim do mundo”. Um dos mais significativos da longa história do papado. Até seus opositores compartilham dessa avaliação. O que faz de Francisco tão popular?
Ele surpreende em gesto de proximidade e humildade. Linguagem acessível, que sensibiliza o mundo, que não chega através de discursos ou verdades dogmáticas, mas da compaixão e misericórdia. Enfatiza a ação em detrimento à fala.
Essa porta dos gestos acolhedores torna-se pressuposto para o anúncio da alegria do Evangelho. Mostra, com ações, que não veio julgar nem condenar, mas ir ao encontro de todos com abraço misericordioso.
Francisco vem em contraponto ao mundo individualista e frio, revelando a proximidade de Deus junto a todos, sobretudo aqueles que sofrem ou são injustiçados.
Em cinco anos de pontificado, notam-se mudanças eclesiais importantes: de uma Igreja fria a uma Igreja simples, acolhedora, que promove a cultura do encontro; de uma Igreja moralista a uma Igreja que se centra em Cristo e na alegria do Evangelho; de uma Igreja centrada no pecado a uma Igreja centrada na misericórdia, onde os sacramentos são para todos os enfermos e não para os “perfeitos”; de uma Igreja centrada nela mesma, preocupada com o proselitismo a uma Igreja preocupada com o sofrimento humano, as guerras e a fome; de uma Igreja triste a uma Igreja jovem e alegre, fermento de uma sociedade transparente; de uma Igreja ONG, clerical, machista a uma Igreja casa do povo de Deus, “Igreja mãe”.
A maneira de Francisco pensar a fé e propô-la aos fieis vem dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola (1491 — 1556). A espiritualidade inaciana é apostólica e missionária. Nessa perspectiva, se entende o convite à “igreja em saída”, aos “hospitais de campanha” etc. Nas pegadas de Inácio, Francisco nos propõe ir às periferias geográficas e existenciais e perceber lá o coração pulsante e vivo do Evangelho. Aqui está sua virada profética.
(*) Sacerdote; diretor pastoral do Colégio Santo Inácio.
Fonte: O Povo, de 5/5/2018. Opinião. p.18.

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