Meraldo Zisman (*)
Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Escudado na missão de
informar, o profissional da mídia luta contra dois fortes inimigos: o poder
político e o poder econômico. Como cidadão, observo apreensivo o agravamento de
tal situação.
Há muitos anos, a Medicina
Psicossomática enfatiza a importância que tem um lar bem estruturado, na
formação da cidadania, bem como os perigos advindos da ausência dele. Alguns
leigos e certos estudiosos, em um primeiro impulso, acusam a mídia como um dos
fatores causais do incremento da violência. Acredito que qualquer meio de
comunicação de massa, por maior que seja o avanço tecnológico, não produz
acontecimentos: ele, apenas, apresenta, exibe, escreve e transmite o que o
público deseja assistir.
Ambientes domésticos
deficitários estão presentes em todas as camadas sociais, o que facilita a
geração de sociopatas. Sociopata é um indivíduo cuja personalidade se
caracteriza pelo desprezo às obrigações sociais, pela falta de consideração
para com os sentimentos de outrem, por possuir um egocentrismo exacerbado, que,
para satisfazê-lo, não leva em conta os meios e as pessoas a quem possa ferir,
destruir, ou matar, em suas macabras empreitadas.
Geralmente, os portadores
desses distúrbios apresentam um charme superficial em relação às outras
pessoas, e possuem inteligência normal ou acima da média. Em outras palavras,
não são considerados doentes mentais e, portanto, são responsáveis pelos atos
anti-sociais que praticam.
Durante a formação da
personalidade, quando a mãe não é "boa o suficiente", ou a família é
disfuncional e não apresenta um ambiente adequado à educação dos filhos, é
gerada uma "angústia de separação", posto não ter havido oportunidade
de introjetar as figuras materna e paterna, como fonte de segurança, para
atender as necessidades vitais, enquanto completamente dependente. Os
comportamentos resultantes têm um elevado potencial destrutivo. Neste sentido,
urge que a profilaxia desse distúrbio seja focada no Lar, levando-se em conta a
psicodinâmica do sentimento de amparo/desamparo, e as etapas de crescimento e
desenvolvimento do ser humano.
Advogo prudência, senhores
profissionais de Jornalismo! Essa angústia em busca de picos de audiência pode
transformá-los em prisioneiros-vítimas-cúmplices da mesma violência que ocorre,
e que um bom jornalista-cidadão deve abominar. Seus malefícios superam o
direito sagrado de informar!
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
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