Médico-Psicoterapeuta
A tecnologia tem modificado a
concepção humana, além de criar sonhos de consumo dispendioso, cuja realização
nem sempre é possível.
A mídia e o marketing não se
cansam de apregoar os milagres dos métodos de fertilização in-vitro, com menções constantes a doadores de espermatozoides,
doadoras de óvulos, mães de aluguel e outras parafernálias e, penachos tão à aspiração
dos tempos presentes. Agora, com a situação regulamentada pela justiça, esse
grande nicho de mercado foi robustecido pelos casais homoafetivos. Pouco se
notícia sobre a criança nascida por esses diversos métodos do avanço
médico-científico. Exclusivamente casos exitosos são propalados e nas mulheres
mais idosas, etc.
Já as possíveis e maiores
complicações que afetam os filhos são silenciadas. O problema não é o que se
noticia e sim o que é omitido. Sempre se esquecem das crianças gestadas
desta maneira. Não falo exclusivamente das deformações físicas e de outros
acidentes de percurso que podem ocorrer em qualquer gestação. Refiro-me à
psicodinâmica (aqui entendida como estudo dos processos mentais e emocionais subjacentes
ao comportamento humano, e de sua motivação, em especial quando se manifestam
em resposta inconsciente às influências ambientais) desses “produtos”
gestacionais.
Como se posicionar com relação
as crianças geradas pela tecnologia? Dizer a verdade? Ou nada dizer? Como
elas reagem ou vão reagir ao tomar conhecimento desses novos conceitos de
maternidade ou paternidade? Contar ou não contar a verdade biológica? A maioria
desses pais, quando decidem contar a verdade a essas crianças já crescidas, relatam
as mais diversas histórias, mas todas têm uma coisa em comum: o anseio por uma
criança e a busca por aquela criança. Relatam sobre como ela é especial e quão
profundamente ela é amada. Aconselho aos casais de todos os tipos a lerem -
para principiar - o que diz o site da Mayo Clinc:
Além disso, a FIV pode ser um
processo demorado, caro e, invasivo. Se mais de um embrião é implantado no
útero, a FIV pode resultar em uma gravidez com mais de um feto (gravidez
múltipla). O médico pode ajudar pretensos pais e mães a entender como funciona
a FIV, os riscos potenciais envolvidos e se este método de tratamento da
infertilidade é o ideal em cada caso específico.
Mas... como perguntar não
ofende, insisto em fazê-lo: como será a psicodinâmica desses meninos e meninas?
Será que o médico sabe?
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira
de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.
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