sexta-feira, 22 de março de 2019

AOS VIVOS: Limpar os pés e mudar as sandálias ... e outros causos


Limpar os pés e mudar as sandálias

Eu, particularmente, entendi quando Juju escreveu aquele letreiro enorme na frente de casa, inaugurando novo ponto de venda de belíssima guloseima no bairro. Sujeito de bom coração, poucas letras, primeiro: não conseguiu ter filhos – o vizinho Wether teve 12. Segundo: casado com Wanja, Wether era feliz no lar. Juju? Nem casar, casou. Quando acabar, confidenciou com ponta de tristeza: rolou inveja, ciúmes do vizinho.
Sim, entendi o porquê da forma como Juju abriu aquele letreiro que chamou tanto a atenção da população, que tem comprado seu produto-mor adoidadamente. Nomes dos filhos de Wether e Wanja: Wendel, Wellington, Weber, Windson, Wescley, Washington, Welber, Willy...
O que estava escrito na placa encomendada por Juju: “Wende-se pomonha”.
A vida, acima de tudo...
No entanto, não era bem assim que Dedé entendia. Vacina, no entendimento dele, só se fosse de graça. “E de ruma!”. Medo de morrer, tendo muito, é que o levará amalucadamente a procurar por aquela que vai livrar Dedé de contrair a gripe H1N1 ainda na madrugada de domingo. Acontece que ele mora no pé da serra, e por ali, nem pé de pessoa havia, o que dizer posto de saúde.
Radinho de ‘piula’ ligado na única emissora que pegava na região, ouve o locutor falar que a dita vacina só chegaria lá pra maio. Mas que, na cidade, se o caba tivesse força no bolso, poderia comprar a vacina por R$ 140. Dedé deu uma upa e gritou:
- Morro, mas não gasto 140 reais na fulerage duma vacina dessa!!!
Senhora morte
Velávamos o corpo do amigo Zé Olavo. E, em momento de calmaria, a ligeira busca no zap pelas últimas fofocas. Celular precário de internet, pergunto ao moço da funerária qual a senha do wifi e juro que o ouvi responder:
- vemcomigo@meucolega!
Minha mulher, igualmente pouca das oiças...
- Vai tu sozinho, elemento!
Pequenas coisas miúdas
Essas aqui são do impagável João Gualberto, o brabo. Natural de Quixeramobim, é do tipo que não perde oportunidade de enfiar a opinião dele no assunto alheio. Tomando sua caninha com torresmo no bar dos Três Papudos, olhos grelados na TV. Apresentador avisa que no programa #partiunãoseioque de amanhã, teremos as belezas da cidade tal. João:
- Queria ver na televizinha o #pariuquixeramobim!
Dois sobrinhos se achegam, perguntam se podem filar um copinho de cerveja. Gualberto anui, mas, preocupado com o tira-gosto pouco e caro, observa:
- Nós três aqui dialogando, me ocorreu: vocês já vêm comido de casa?
E a derradeira dele por ora, na verdade uma descoberta: por mais tecnologicamente de ponta seja o processo de identificação biométrica na portaria da secretaria onde trabalha, o dedo da mão direita dele não funciona no leitor. Por quê? Dedé diz:
- É coçar o direito e o dedo em tela perder o gabarito digital. Incrível! Fico estupefato! A catraca não funciona. Ou passo ou baixo ou pulo. Ou vou pra casa descansar. Fico estupefato! Que saco!
Fonte: O POVO, de 27/4/2018. Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.

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