quarta-feira, 20 de março de 2019

MEDICINA NA UECE: mais do melhor


João Brainer Clares de Andrade (*)
Após 15 anos, o curso médico da Uece recebe chancela do governo do Estado. Camilo Santana noticiou a expansão, que passa a ter duas entradas anuais. O governador abrandou resistências, tomou fé da qualidade do curso e reconheceu, enfim, a paternidade. Desde a criação algo conflituosa, mas necessária contra as forças contrárias, do curso, a Uece resistiu, lutou e oferece hoje o curso de terceira melhor nota do Brasil no Enade: foi do mínimo de recursos ao máximo na formação.
Promessas de estrutura e contratação de professores inundam a história: há vagas nunca abertas para seleção há mais de 15 anos, e a estrutura no campus do Itaperi resiste a intempéries do mesmo período. O sucesso é mérito intrínseco e de instituições parceiras: professores e alunos se uniram para uma formação de contato próximo, com práticas nas comunidades e na rede pública hospitalar estadual. Artesanalmente, nascem médicos com senso comunitário e com as digitais da saúde pública do Ceará.
A despeito das discussões sobre o número de médicos formados por ano no País, apenas uma entrada anual gera ociosidade com custo por aluno desproporcional ao orçamento. Duas entradas anuais equalizam parte do problema, mas aprofundam outros. Eis o curso mais longo e com práticas em grupos pequenos, o que requer docentes efetivos, mais vagas de professores de práticas médicas e servidores estaduais que possam transferir algumas horas ao curso de Medicina.
O ônus da duplicação, no entanto, qualifica uma rede, e não apenas o curso. Os hospitais estaduais precisam ser definitivamente integrados como rede de hospitais universitários, ganhando com os recursos do credenciamento, qualificação de protocolos, integração docente, residências e pós-graduação. E ao Itaperi, ampliação de laboratórios e integração com a UPA Itaperi e unidades de saúde, além da possibilidade de acolher uma policlínica de especialidades.
Visão de futuro e promessas cumpridas compõem a prescrição essencial para o crescimento do curso médico público estadual do Ceará: mais oportunidades para o curso que, sob muito esforço, tenta fazer o melhor.
(*) Médico pela Uece e neurologista.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 23/2/19. p.22.

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