Por Márcia Alcântara Holanda (*)
Em dezembro de 2019, encontrei-me no
cinema com Judite, uma amiga septuagenária que nem eu. Estava bem de aspecto
físico e exibia um sorriso que lembrava estado de satisfação e bom humor. Disse
que andava feliz da vida porque, na manhã seguinte ia mostrar ao seu médico do
Programa de Saúde da Família, do posto de saúde próximo à sua casa, o resultado
de uma bateria de exames de rotina que pareciam estar normais.
- Tens cadastro no SUS? Perguntei. E
ela: - Sim, e estou em lua de mel com esse Sistema Único de Saúde do Brasil,
que já dura dois anos.
Disse que em 2017 tivera que cancelar
seu plano de saúde porque suas finanças não deram mais para pagá-lo. Desde
então entregou sua saúde e doenças crônicas ao SUS. Diabetes, hipertensão e
DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) estavam bem controladas, falou.
Fizera até uma cirurgia de vesícula e tomografia dos pulmões. Recebia em dia a
medicação que necessitava e fazia revisões médicas a cada seis meses.
Vacinara-se nas campanhas. Pensei naquela hora: - É disso que 100% da população
precisa ter para não adoecer, e até viver feliz que nem Judite.
Não demorou muito, daquele encontro, e a
epidemia do coronavírus chegou ao Brasil, dando ao SUS momentos de revelações
supremas: da tecnologia de ponta com boletins informativos atualizados, mídias
sociais em ação, robôs que interagem com o usuário, atendimento, capacitação profissional
e educação em massa para a todos. Esse Sistema tem exercido enorme influência
nas nossas vidas e ganha pouco reconhecimento do povo e dos políticos, sobre
seu real valor: são 150 milhões de brasileiros que precisam de promoção da
saúde (prevenção de doenças - por vacinação e educação) e controle das suas
doenças (das crônicas à coronavirose). O SUS é para esses brasileiros, sinônimo
de: vigilância, tratamento, atendimento e até realizações de práticas de
elevada complexidade como os transplantes de órgãos. Nosso SUS de todos os dias
têm tentado elevar nossas vidas à plenitude que merece. Tem falhas, mas é dever
nosso aperfeiçoá-lo e fortalecê-lo sempre, pois é seguro, gratuito e universal.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/4/2020. Opinião.
p.14.
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