sexta-feira, 1 de maio de 2020

FOLCLORE POLÍTICO XXXIII


Ato vil
A historinha é conhecida e, por ser muito boa, merece um repeteco.
Rui Barbosa, o Águia de Haia, chegava em sua casa, à noitinha, quando ouviu um barulho vindo do quintal. Chegando lá, viu um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o, ao tentar pular o muro com seus amados patos, passou-lhe um pito:
- Oh, bucéfalo anacrônico! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares de minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da sua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, perplexo e confuso, com um fio de voz, perguntou:
- Doutor, eu levo ou deixo os patos?
Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

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