quarta-feira, 1 de julho de 2020

ECONOMIA DE GUERRA NA PANDEMIA


Por Lauro Chaves Neto (*)
A pandemia da Covid-19 tem gerado uma demanda gigantesca por atendimento, aparelhagem médica e também por medidas para reduzir a propagação do contágio. O isolamento social e a suspensão de atividades econômicas, ao reduzirem o consumo e a oferta de bens e serviços, afetam profundamente a economia.
A suspensão das atividades econômicas atinge milhares de pessoas que estão perdendo suas fontes de renda e entrando em situação de vulnerabilidade social. Assim, é imprescindível que o governo auxilie financeiramente as pessoas que perderam suas rendas, caso do auxílio emergencial. Ao mesmo tempo, essas medidas também precisam garantir que empresas e empreendedores não sejam colapsados, permitindo a continuidade dos seus negócios após a pandemia.
Os movimentos realizados durante e após a Segunda Guerra Mundial são conhecidos como economia de guerra e são caracterizados pela centralização do planejamento econômico no governo. A ação enérgica pública é fundamental, pois o mercado leva um tempo para responder às demandas causadas por um cenário de guerra. Essa demora pode causar perdas materiais e econômicas alarmantes e, até mesmo, perdas de vidas.
Diante deste cenário de elevada demanda por investimentos em saúde e por ajustes econômicos, governos têm encarado a conjuntura como um momento de guerra. Já nas empresas, a economia de guerra se refere à adequação que permita a reconstrução no cenário pós-crise, paralelamente cada família também necessita fazer profundos ajustes nos seus hábitos de vida e padrões de consumo.
Alguns países estão tentando aumentar a produção de equipamentos médico-hospitalares, esse processo, ligado a tempos de exceção, é chamado de reconversão industrial ou reconversão produtiva.
As atuais ações demonstram uma das principais diferenças entre uma pandemia e uma guerra. Se, em uma guerra, os governos buscam usar todos os recursos para ajudar na produção de comida, roupas, armas e munições; em uma pandemia, esse esforço é feito para, simultaneamente, fortalecer os sistemas de saúde e criar uma rede de proteção social e empresarial. 
(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 11/5/20. Opinião. p.28.

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