Por Carlos Roberto Martins
Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)
Vivemos um tempo sem lideranças e relações
práticas entre filosofia e política, questões que tem relevância na busca da
felicidade em sociedades mais evoluídas.
Os representantes dos extremos, da esquerda
e da direita, versam sobre o mantra dos justiceiros e dos pseudo representantes
das minorias, características bem próprias dos que temem o debate e têm certeza
de quase tudo. Aliás, esses são ingredientes dos movimentos de massificação e
manipulação.
Nas últimas décadas, o Brasil amparou-se na
lógica da economia mais ortodoxa, influência inequívoca do mercado e da
sociedade de consumo. Tempo em que não podíamos questionar axiomas, como aquele
que afirmava que a responsabilidade fiscal propiciaria o "welfare
state". Infelizmente, o estado de bem-estar social não aconteceu, o mundo expandiu
as desigualdades e os conflitos.
Por outro lado, os que se antepõem a esses
dogmas, estão aprofundando a crise social.
No Ceará não é diferente. Nesse momento não
podemos cantarolar no Ceará não tem disso não ". A melhoria da saúde e da
felicidade tem relação com a redução de desigualdades. No entanto, caminhamos
para um estado com maior concentração de renda, e para um povo mais pobre,
temos a segunda pior renda per capita do Brasil.
Em 1988 o Ceará representava 2% da
população brasileira e 1,7% do PIB. Atualmente, representamos 4% da população
brasileira e apenas 2,2% do PIB.
Afinal, empobrecemos? Sim, pioramos os
indicadores como os da violência, que guardam relação direta com a
desigualdade.
Sou otimista e realista. Não sou daqueles
cegos seguidores do método científico, por compreender dos males que algumas
certezas e a falta de humildade proporcionam à humanidade, e pelos prejuízos
que causam ao espírito e à possibilidade de colaboração com o desenvolvimento
intuitivo, tão importante na história de nossa sociedade.
Somente uma análise franca da realidade
combaterá a apatia e o autoritarismo, apontando novas estratégias, novos
modelos de estado.
A meu ver um bom começo seria enaltecer heróis
como Carlos Chagas, Machado de Assis, Rodolfo Teófilo, dentre outros. São eles
os exemplos de dedicação, altruísmo e coragem, valores essenciais para uma
sociedade mais justa.
Enfim, não precisamos usar ou manchar a
bandeira, nem tampouco exaltar um positivismo ou um populismo excludente. A
bandeira significa pouco, mas os valores exprimem muito de uma sociedade.
(*) Médico. Professor da UFC.
Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.
Fonte:
Publicado In: O Povo, de 22/03/2025.
Opinião. p.17.
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