quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

2014: O ano que ninguém sabe como vai acabar



Por Ricardo Alcântara (*)
À pequena, média e longa distância (e com todos aqueles sinistros detalhes que autorizam o ceticismo dos que estão bem informados o suficiente para agir com expectativas modestas), sei bem como se movem os homens públicos do meu país.
E lhes digo: é desoladora a generalização da má conduta. A população, embora precariamente informada pela manipulação midiática, ainda assim acerta no sentimento que escolhe para avaliar a qualidade da sua representação. É péssima.
Com a bestialidade do debate, que não vislumbra os fundamentos de sua própria crise, entre os que se acusam mutuamente de judicializar a política e politizar decisões judiciais, quem mais perde são os que pagam a conta de todo o atraso.
De dois em dois anos, eles dão um cheque em branco para os partidos políticos e enquanto a próxima eleição não vem, enfrentam com dor nos rins as longas filas dos postos de saúde para depois serem assaltados no caminho de volta para casa.
A “incidadania” desses brasileiros não é, já foi dito, obra de amadores. Ao longo dos séculos, foi concebida para funcionar assim mesmo e são recentes os sinais de seu esgotamento. Seu sintoma mais agudo, o crime organizado de iniciativa popular.
O que há de novo nisso tudo é a chegada ao poder daqueles que representaram as esperanças dos assalariados, os vizinhos dos traficantes – esperanças estas que represaram, na expectativa de soluções, a adesão provável a recursos de violência.
Pelo modelo adotado, a que um petista histórico denominou com honestidade de “reformismo moderado”, foram reverenciados dogmas do capital financeiro para obter a estabilidade necessária e avançar em programas de melhoria de renda.
Observado o registro frio das estatísticas no mandato Dilma Rousseff, nada indica que haja nas alavancas escolhidas apoio suficiente para dar conta da fase seguinte no projetado salto para o futuro, onde nos espera a parte mais onerosa do desafio.
Trata-se de qualificar a estrutura pública de atendimento básico e promover a modernização da infraestrutura e, aí, não digo que o tal do PAC seja um engodo, mas são precários, os resultados, diante das demandas de sustentabilidade.
Disso resultam os evidentes sinais de monotonia no casamento da nação com o chamado “projeto popular”. As manifestações de junho reagiram ao tédio do tipo “papai-e-mamãe” da estagnação, onde Bolsa família, agora, é pirão mastigado.
Veja: com a Copa, há quem preveja novas manifestações, e em proporções maiores, e há quem se fie nos dribles do Neymar para segurar a galera, mas ninguém aposta, de verdade, que as coisas vão mesmo melhorar. A pergunta é: 2014 virá para ficar?
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

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